Se você já precisou avaliar uma empresa, sabe que essa é uma tarefa que demanda bastante empenho e conhecimento. Por isso, ao me deparar com o método de avaliação de negócios desenvolvido por Reed Phillips, sócio fundador e Diretor da Oaklins DeSilva+Phillips (“ODP”), fiquei com muitas perguntas e, lendo o livro, entendi que se tratava de uma mensagem poderosa, capaz de ajudar muitos empreendedores no processo de valoração empresarial. Neste artigo vou discorrer sobre essa metodologia.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o seu nome: QuickValue. Logo me indaguei, como seria possível fazer com que avaliar uma empresa, que costuma ser algo demorado, passe a ser rápido? Além disso, a frase que descreve o livro diz (traduzida): Descubra seu valor e empodere seu negócio em 3 fáceis etapas. Enfim, a curiosidade foi tamanha que aproveitei uma viagem em família a Nova Iorque e, em contato com o Reed, propus um encontro em seu escritório. E assim começou a minha relação com este método.
Nas próximas linhas, vou contar o que descobri, mas a mensagem mais precisa é simplicidade. O Reed foi capaz de se utilizar daquilo que existe na literatura e na prática e aglutinar métodos e teorias diferentes e propor uma mudança de atitude aos empresários, mudança essa altamente auto implantável, uma vez que empresários ainda não altamente institucionalizados podem, com a ajuda de seus sócios e alguns executivos, implantar em seus negócios.
Vamos lá. A principal motivação do Reed ao se enveredar pela criação do método era que durante a carreira dele, de mais de 35 anos em Fusões e Aquisições, lidando com donos de empresas com faturamento de USD 10 milhões a USD 1 bilhão, ficava constantemente surpreso com o fato de que quase nenhum deles sabia o valor do negócio que haviam investido anos, ou mesmo décadas, de suas vidas para criar e gerenciar. A partir desse “desconforto”, nasceu a ideia de alguma forma, oferecer a possibilidade de os empreendedores conhecerem a qualquer momento este valor, por meio de uma metodologia de constante monitoramento e eventual gestão para maximização deste valor. Sem este método, os empresários precisam contratar consultorias especializadas ou até mesmo chegar ao extremo de passar pela venda de seus negócios, quando então este valor tem que ser determinado e acordado com terceiros.
Como ambas as situações requerem tempo, dinheiro e, no caso da venda, é um pouco extrema, o método QuickValue proporciona ao empresário o valuation, a informação importantíssima de quanto a sua empresa vale, a partir de informações como o faturamento, despesas, custos da operação, investimentos e lucro anual.
As três etapas são basicamente: (1) identificar os direcionadores de valor do seu negócio, classificar a sua empresa diante destes direcionadores para então desenvolver sua “Pontuação de Direcionadores de Valor”; (2) comparar a sua empresa com negócios similares e/ou semelhantes ao redor do mundo sob o ponto de vista dos múltiplos de mercado, de modo a determinar a faixa de múltiplos em que a sua empresa pode se encaixar; e (3) trazer os itens 1 e 2 juntos para determinar o valor da sua empresa a cada ano e buscar maximizá-lo ao longo do tempo. Vamos detalhar um pouco mais cada etapa, a seguir.
A etapa mais profunda e, sem dúvida, bastante importante é identificar e listar os direcionadores de valor do seu negócio. Reed oferece uma lista de 45 direcionadores divididos em Mercado, Modelo de Negócios, Perfil da sua Empresa, Produtos e Serviços, Time, Relação com Clientes, Relações com Terceiros, Finanças e Planejamento e Investimentos. Obviamente, e na prática, qualquer empresa não necessita dos 45 direcionadores. Pela experiência do Reed, os direcionadores realmente aderentes a cada negócio não passam de 8 a 12. Portanto, o primeiro exercício é extrair de 8 a 12 direcionadores da lista, que sejam extremamente relevantes e precisos com relação às especificidades do negócio. A partir desta lista, é preciso fazer uma autoavaliação para chegar a uma nota final que vai honestamente atribuir à empresa.
A determinação da faixa de múltiplos é um exercício também árduo. Depende muito de pesquisa e é onde talvez a ajuda de consultores traga alguma velocidade e precisão. Uma vez determinada esta faixa e, em conjunto com a nota atribuída na etapa anterior, a empresa vai se colocar na escala da faixa e determinar em que ponto da faixa ela se encontra. De posse desta “localização”, que nada mais é que o múltiplo atribuível à empresa, será então finalmente calculado o valor daquele negócio, aplicando-se de forma simples o múltiplo encontrado. Mas por que parar aí? Sei meu valor, e agora?
Então chegamos na terceira etapa. Ou seja, por que não elencar os direcionadores onde a pontuação ficou baixa e investir tempo e esforço para melhorar a sua própria nota? Da mesma forma como faz um candidato a vestibular enquanto faz a sua preparação, dedicando tempo de estudo para as áreas onde mostra debilidades para vencer a competição e atingir a famosa “nota de corte”. A sugestão é elencar dentre 8 a 12 direcionadores, e a cada ano definir as prioridades para buscar internamente com grupos de trabalho planejamento e muita execução para a melhoria das notas de modo que a empresa possa gradativamente avançar e futuramente valer o máximo que é possível dentro daquela faixa.
Vejam que tudo isso envolve muito trabalho, esforço e dedicação, mas ao final do caminho o resultado é extremamente efetivo para a empresa. Seus sócios passam a saber quanto a empresa vale, quais são seus direcionadores-chave de valor e podem desenvolver um mapa para monitorar a maximizar seu valor.
Como disse no título deste texto, o título é simples, QuickValue, mas a mensagem é muito poderosa pois traz um poder essencial e indispensável aos empresários, a gestão de valor dos seus negócios.