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Uma aposta contra o Real

Publicado 12.12.2011, 00:36
Atualizado 09.07.2023, 07:32
Não me peçam pra ser otimista com a Economia Brasileira hoje.

Leio e ouço aquele mesmíssimo "bla´-blá-blá" que muitos daqui ouvem e lêem, ou seja, que o Brasil tem uma economia forte, reservas internacionais altas, câmbio flutuante, enfim, inúmeras varáveis macroeconômicas no lugar e, quer queiram ou não, uma posição mais sólida macroeconomicamente falando, do que 15 anos atrás.
Não cabe aqui discutir quem foio responsável, quem deu o pontapé inicial ou quem preparou o terreno em que o Brasil se encontra hoje. Entraríamos numa discussão político-ideológica que não me parece dentro do contexto.

Mas o fato é que olhando o Brasil na dinâmica atual, me parece que o "carro Brasil" está sendo levado a caminhos tortuosos e por motoristas, no mínimo, ingênuos.

A dinâmica de um mundo em crescimento é uma; a dinâmica de um mundo em recessão, ou em forte desaceleração econômica é outra.
Por dispor de uma forte matriz exportadora, o Brasil foi um dos grandes beneficários nos ultimos anos de um crescimento econômicco mundial e, mais especificament,e de um forte crescimento do mercado consumidor chinês, amplo destino das exportações brasileiras.
Por conta disso, ampliamos fortemente nossas reservas internacionais, e cumprimos com certa folga, os objetivos traçados para algumas metas importantes, como a diminuiçao da dívida liquida pública brasileira em relação ao PIB.

No entanto, nos últimos 3-4 anos, voltando a metáfora do carro, me parece que o carro entrou numa estrada perigosa, estrada essa ainda mais perigosa, dadas as atuais condições de temperatura e pressão.
Engatamos nesses últimos 3-4 anos um forte aumento de despesas, seja para "amenizar" os efeitos da crise de 2008, seja por um forte aumento do setor público. A receita por ora não tem preocupado; o governo bate, por uma insanidade arrecadadora, recordes e mais recordes de arrecadação tributária.

Mas até quando essa relação de aumento de despesas e manutenção de receitas, dentro de um contexto internacional em desaceleração, se sustentará ?

Posta essa introdução, até que ponto o dólar seria afetado por uma suposta deterioração nas contas públicas brasileiras que, mais cedo ou mais tarde, virá ?

É nesse ponto que podemos destacar alguns pontos sob os quais uma moeda se sustenta:

- Estabilidade política
- Flexibilidade cambial ( câmbio fixo ou flutuante)
- Resistência a choques externos
- Balanço de Pagamentos

O primeiro ponto, podemos dizer que o Brasil tem uma estabilidade política conquistada há pelo menos 15-20 anos e que, não parece ameaçada.
O Brasil tem um câmbio flutuante desde 1999, quando do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; portanto, um ponto positivo.
Os maiores problemas recaem sobre os últimos 2 pontos.

A resistência a choques externos não é uma equação simples de explicitar. A resistência está também relacionada a questões e movimentos internos.
Quer um exemplo ? A Europa está desde 2010, pelo menos, com problemas em vários países; começou com a Grécia e foi se espalhando, Portugal e Espanha. No ano de 2011, os problemas se ampliaram e atingiram outros países .

E quando o real começoou a se desvalorizar em relação ao dólar ? Não foi em 2010 !! Mesmo quando o a crise atingiu em cheio a Grécia já ali por volta de maio-2010, o dólar continuou sua trajetória de valorização. (Veja gráfico abaixo). A trajetória somente é interrompida quando o governo Brasileiro começa a reduzir as taxas de juros !!!

O primeiro ponto que fica claro aí é que, o "choque externo europeu" ainda não havia sido "computado" pelos agentes.

Me parece que o fênomeno chamado "carry trade" é que sustentava a trajetória de valorização do real, isto é, os investidores traziam seus dólares pra "se financiar" nas estratosféricas taxas de juros brasileiras. Quando o governo sinaliza que a taxa vai cair no médio prazo, BOOM !!, o "carry trade" é desmontado, e o real se desvaloriza.

Ou seja, pra mim , o que aí está na paridade "dólar x real", ainda é 70% desmonte de "carry trade", e 30% "choque externo.

Ainda haveria muito espaço de alta para o dólar frente ao real, à medida que os 2 últimos pontos acima destacados ("choque externo" e "balanço de pagamentos") ainda não foram totalmente potencializados.
Volto a dizer, o que temos hoje, ainda é mais "desmonte de carry trade" e muito menos choque externo, muito menos "balanço de pagamentos".

Por fim , posso agregar tudo isso nos 3 gráficos abaixo.

1 gráfico semanal de "dólar x real"; outro , gráfico em candle mensal de "dólar x real" ; e outro gráfico em linha mensal "dólar x real"
Certamente a faixa de 1,90\1,93 é uma resistência forte e importante divisor.
Reparem que, no gráfico em linha, percebemos que, de fato, praticamente não há resistência entre 2,40/2,50 e 1,90/1.93.
Vejam que no tempo mensal , houve praticamente um fundo duplo na região de 1,53/1,55 , com uma gritante divergência altista de MACD e histograma. Após esse fundo duplo, a taxa rompe um canalzinho longo de baixa e faz o MACD cruzar na compra.

2 panos de fundo, o contexto fundamentalista , e o contexto gráfico.

Ambos não me parecem bons. Ambos me parecem dizer que vamos romper 1,93 no médio-longo prazo.
Até onde pode ir ? O gráfico me diz que, no mínimo , vai ate 2,40/2,50.

Mas se o carro continuar na mão de "ingênuos" e irresponsáveis com os gastos públicos , com a inflação, e com tantas outras variáveis macroecônomicas, face a um ambiente externo que se mostra caótico, o patamar de 2,50 não será o teto nos próximos 24 meses.

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