Façamos uma pergunta aparentemente sem sentido: por que essa arremetida para o alto no dia três de março? Evidentemente, sabemos que é impossível prever o futuro nesse campo, e deveríamos sempre desconfiar dos analistas que confundem o seu ofício com a cartomancia e se põe a analisar gráficos com a mesma perspicácia com que o mago contempla a bola de cristal.
Contudo, alguns dados ajudam-nos a explicar o fenômeno DEPOIS que este ocorreu, a saber: a valorização da moeda chinesa frente ao dólar, os preços em alta do petróleo, os indicadores do déficit público norte-americano e de sua economia, que não melhoraram, ao lado dos parâmetros europeus que há tempos cambaleiam. Sabemos que o FED emite quatro bilhões de dólares diariamente para cobrir a dívida pública, ou seja: há muita moeda circulando, e uma parte vem especular nos trópicos brasileiros (derrubando a cotação do dólar).
E aqui entramos no campo das possibilidades: dois papeis despertam a atenção, mas recomendo apenas um para investimentos (não para o momento). O primeiro é o SANB3 (SA:SANB3) que disparou cerca de dez por cento ontem. As ações do Santander abriram a 8,06 e fecharam a espantosos 10,00. Nesse caso, deixando a embriaguez lucrativa de lado, observamos que o valor está muito acima da média dos últimos cinco anos, embora os fundamentos da empresa sejam bons. Evidência de bolha?
O outro papel é o tóxico GGBR4 da Gerdau (SA:GGBR4), gigante outrora poderosa nos ramos siderúrgicos, mas hoje acumulando dívida e prejuízos titânicos, proporcionais ao seu passado de glória. A GGBR4 abriu a 3,79 e atingiu alta de 4,14. Duvido muito que um investidor experiente iria enfunar essas folhas sem outro propósito que o especulativo, em outras palavras: realizar o lucro assim que possível, como em um blefe de pôquer. Claro que não sou cartomante, mas apenas um humilde professor a analisar o mercado (mas se for permitido um palpite em meio a mesa de apostas, eu diria que se trata de uma bolha).