Publicado originalmente em inglês em 06/10/2020
Os investidores dos títulos públicos norte-americanos foram bombardeados por um conjunto de notícias preocupantes nos últimos dias. Mas os rendimentos dos treasuries dispararam na segunda-feira, com o crescimento do otimismo graças a reportagens de que o presidente Donald Trump deixaria o hospital na noite daquele mesmo dia para prosseguir com o tratamento da covid-19 na Casa Branca.
A notícia sobre a infecção do mandatário americano jogou para baixo os rendimentos na sexta-feira, que acabaram subindo ao final do dia, depois que a presidente da Câmera, Nancy Pelosi, afirmou que a doença de Trump mudava a “dinâmica” das tentativas de se alcançar um acordo para um novo estímulo fiscal.
As esperanças de um estímulo antes da eleição continuaram aumentando na segunda-feira. Pelosi e o secretário do tesouro, Steven Mnuchin, continuaram negociando por telefone, e o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmou que o presidente está ansioso para fechar um acordo.
Esperança de um novo estímulo e sinais de recuperação econômica impulsionam rendimentos
A perspectiva de mais empréstimos governamentais, pressionando para baixo os preços dos títulos, elevou os rendimentos dos treasuries. A rentabilidade dos títulos do tesouro se move no sentido oposto da sua cotação.
O importante Índice ISM Não Industrial subiu para 57,8 em agosto, em comparação com o indicador econômico positivo anterior de 56,9.
O rendimento da nota de 10 anos do tesouro americano alcançou 0,772% ao final da segunda-feira, ante o fechamento de 0,694% na sexta-feira. O declínio dos preços também é uma indicação de que os investidores estão dispostos a tomar mais risco.
O rendimento dos treasuries de 30 anos subiu quase 10 pontos-base, para 1,577%, ante o fechamento de 0,694% na sexta-feira.
O spread entre os papéis de 10 e 30 anos se ampliou levemente em relação à semana passada, de 76 bp para 78.
O relatório mensal de empregos, divulgado pelo Departamento de Trabalho, o último antes da eleição presidencial de 3 de novembro, mostrou que houve o aumento de 661.000 postos de trabalho, abaixo da previsão de 800.000 feita por economistas. A taxa de desemprego, entretanto, ficou abaixo de 8% pela primeira vez desde fevereiro, a 7,9%.
A expectativa é que a volatilidade aumente com a reviravolta nas estratégias de campanha durante as últimas quatro semanas devido à onda de infecções por covid na Casa Branca e no Congresso. As incertezas só crescem em relação a todos os aspectos da disputa, desde os futuros debates entre Trump e seu opositor democrata Joe Biden até a açodada confirmação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte.
O debate vice-presidencial previsto para a quarta-feira ganhou ainda mais relevo diante da possibilidade de o presidente não conseguir disputar o pleito. Ambos os candidatos estão faixa dos 70 anos, grupo de risco para a infecção por coronavírus.
De fato, praticamente tudo ganha um significado maior em um ano repleto de altos e baixos em uma situação sem precedentes. O Federal Reserve divulgará a ata da sua reunião de setembro na quarta-feira, a qual pode fornecer detalhes sobre a visão dos formuladores da política monetária para a economia no futuro e se eles planejam aumentar a acomodação monetária após anunciar uma nova flexibilidade na inflação.
A notícia sobre a infecção de Trump aumentou a atratividade dos títulos governamentais europeus, principalmente os da Itália. Os papéis italianos têm rentabilidade positiva, ao contrário dos alemães, e as compras de títulos pelo Banco Central Europeu estão dando suporte aos preços. Além disso, a promessa da União Europeia de financiar seu programa emergencial melhora a perspectiva econômica.
O rendimento do título de 10 anos da Itália caiu abaixo de 0,8% na sexta-feira, fechando a 0,787%, na primeira reação às notícias nos EUA. Na segunda-feira, voltou para aquele limiar, fechando a 0,82%. O título de 10 anos da Alemanha também oscilou, caindo de 0,532% para 0,503%.