De acordo com o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), publicado em abril, Brasil e Austrália devem alcançar volumes recordes nas exportações de carne bovina em 2025, com altas projetadas de 3,1% e 3,3%, respectivamente.
A Índia, outro importante exportador, deve apresentar um crescimento de 2,4%, oriundo da forte demanda proveniente do Sudeste Asiático e Oriente Médio.
Para Brasil e Austrália, esse resultado deve acontecer mesmo diante de um crescimento mais cauteloso da China, que deve aumentar suas importações em 2,2%, resultado da diminuição dos gastos dos consumidores e incertezas econômicas.
Assim, o que deve colaborar para o crescimento das vendas brasileiras é a expectativa de incremento dos envios para outros parceiros importantes, além da possibilidade de abertura de novos mercados.
Em linha com a possibilidade de crescimento, o primeiro trimestre foi marcado por recorde das exportações brasileiras de carne bovina in natura. Foram embarcadas 586,4 mil toneladas, alta de 11,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2024. Destaque para os Estados Unidos, que aumentaram em 116,6% as importações da carne bovina brasileira no período.
Segundo dados parciais de abril, considerando até a terceira semana do mês, foram exportadas 159,3 mil toneladas, com média diária de 12,3 mil toneladas, o que representa uma alta de 29,8% em relação a abril de 2024.
Ampliando o foco, a expectativa é de que a produção global de carne bovina em 2025 fique praticamente estável em relação a 2024, totalizando 61,6 milhões de toneladas. De um lado a expectativa é de queda na produção dos EUA (1,1%), da União Europeia (1,2%) e da Argentina (3,1%) e, de outro, projeção de crescimento para Brasil (0,4%), Índia (1,5%) e Austrália (2,6%).
Os EUA devem apresentar queda de 1,1% na produção e de 10,6% nas exportações. Vale lembrar que o país atualmente está na fase de alta do ciclo pecuário e, junto a isso, as adversidades climáticas dos últimos anos, colaboraram para a redução do rebanho bovino no país. Além disso, a guerra comercial entre China e EUA colabora com as projeções de redução de vendas. Há também a expectativa de queda nas importações de outros dois importantes compradores da carne americana, Japão e Coreia do Sul.
Por outro lado, a projeção é de aumento de 4,8% das importações de carne bovina do país, tendo como principais fornecedores Austrália, Brasil e Nova Zelândia.
Já a produção brasileira de carne bovina deve bater recorde e crescer 0,4% segundo o USDA, atingindo 11,9 milhões de toneladas, resultado diferente do que era esperado no relatório divulgado em outubro que esperava uma redução de 0,8%.
Suíno
Segundo o USDA, as exportações brasileiras de carne suína devem crescer 4,5% em 2025, resultado da competitividade do produto brasileiro, abertura de novos mercados e aumento da demanda internacional (aumento de 5,7% das importações das Filipinas, 3,1% de Hong Kong e 2,0% do México). Já a produção deve aumentar em 2,2%.
Apesar da expectativa de mais um ano de queda das importações da China, projetada em 0,5%, o Brasil deve ganhar espaço em mercados sensíveis a preços. Em 2024, os envios para Filipinas, Chile e Japão, compensaram as menores importações do lado dos chineses.
Assim como para a carne bovina, os primeiros meses de 2025 foram positivos para as exportações. Em abril, até a terceira semana, foram embarcadas 75,0 mil toneladas, com média diária de 5,8 mil toneladas, o que representa um crescimento de 31,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar do crescimento brasileiro, os EUA devem continuar ocupando o primeiro lugar entre os maiores exportadores de carne suína.
Frango
A expectativa é de aumento, tanto para a exportação, como para a produção global da carne de frango. Segundo o USDA, a produção deve crescer 2,0% em 2025, impulsionada pelo crescimento em todos os principais produtores.
Para o Brasil, a expectativa é de recorde, com aumento de 1,7% na produção, totalizando 15,3 milhões de toneladas. Já as exportações devem crescer 4,0%, resultado da abertura de novos mercados, preço competitivo, destaque no mercado Halal e a expectativa de aumento da demanda dos principais compradores da carne brasileira (aumento de 3,8% da importação da Arábia Saudita, 3,9% dos Emirados Árabes Unidos e 1,8% das Filipinas).
* Colaborou Isabella Camargo, analista da HN AGRO.