A Peloton Interactive (NASDAQ:PTON) ganhou as manchetes pelas razões erradas nos últimos dias. As ações da empresa de equipamentos tecnológicos de ginástica estão afundando, após o anúncio de um possível recall das suas esteiras de alto crescimento por causa de dezenas de ferimentos e pelo menos uma morte.
Esse anúncio, feito na quarta-feira pelo CEO John Foley, em um pronunciamento conjunto com a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo, fez com que seus papéis, que estava voando alto, despencassem mais de 14%, ampliando o declínio de 50% desde a máxima recorde de US$ 171,09 cravada em janeiro. Essa queda dramática ocorre após um ano espetacular para a empresa sediada em Nova York.
Suas ações dispararam mais de 500% em 2020, enquanto as vendas dos seus equipamentos domésticos de ginástica decolavam durante a pandemia de Covid-19, que forçou o fechamento de muitas academias ao redor dos EUA. A Peloton, cujo desempenho ficou acima de todas as ações do índice Russell 1000, tirando a Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) e a Enphase Energy (NASDAQ:ENPH), tornou-se um símbolo fitness para milhões de pessoas confinadas em casa.
Mas após essa falha em um dos seus produtos de mais rápido crescimento, os executivos da empresa precisarão mostrar como irão controlar os danos à imagem da marca e a redução das vendas, principalmente agora que as academias estão se reabrindo com capacidade total nos EUA.
Para os investidores, a grande questão é se este é o momento certo para comprar PTON após uma profunda correção. A companhia, mais conhecida por suas bicicletas ergométricas e aulas virtuais recheadas de música, divulgou seus resultados ontem. A receita no trimestre subiu de US$ 524,6 milhões há um ano para US$ 1,26 bilhão, graças à forte demanda por seus treinos remotos e equipamentos domésticos de ginástica durante a pandemia do coronavírus.
A empresa prevê que o recall e a interrupção das vendas dos seus dois modelos de esteira custarão US$ 165 milhões no atual trimestre. A companhia também reduziu sua previsão de vendas e lucro para todo o ano fiscal que se encerra em 30 de junho. Neste momento, a gestão não tem certeza de quando as esteiras voltarão ao mercado, mas afirmou que a demanda por seu produto continua forte e responde pela maioria dos seus negócios.
Analistas divididos
Na teleconferência com analistas nos últimos meses, os executivos da Peloton destacaram a importância das suas esteiras mais baratas, dizendo que poderiam se tornar uma “nave espacial” para a companhia. Em nota emitida na quinta-feira, o Credit Suisse, defendeu a companhia para o longo prazo, apesar desse revés com suas esteiras.
“Para alguns, lidar com devoluções de produtos, atualizações de software e mudanças produtivas pode ser complicado. Os investimentos da Peloton e a integração vertical são ideais para lidar com esse tipo de problema”, declarou o banco, dizendo ainda que o “reparo não parece ser complicado”.
A empresa tem recomendação de outperform (acima da média) para a Peloton, com um alvo de US$ 164 na ação, que está cerca de 100% acima do seu fechamento na quarta-feira.
Mas uma recuperação em V da Peloton tem dividido os analistas: a Baird e a Stifel dizem que a liquidação foi uma reação exagerada, enquanto o Bank of America rebaixou sua recomendação com a notícia do recall.
Dos 29 analistas rastreados pela Bloomberg e que cobrem a Peloton, todos, exceto cinco, recomendavam que os investidores comprassem a ação antes da notícia de quarta-feira. O preço-alvo consensual para a ação continua em torno de US$ 160 por ação.
Conclusão
As ações da Peloton devem continuar sob pressão no curto prazo, enquanto os investidores se concentram nos danos causados pelo revés das esteiras. Essa negatividade de curto prazo, em nossa visão, representa uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo, graças à sua grande parcela de mercado de ginástica doméstica, excelente tecnologia e vantagem como pioneira.