O silêncio que sucede o esporro
Hoje temos um pregão de relativo alívio depois da sangria de ontem. Ainda na esteira da China, que viveu uma terça-feira mais morna, mas também em função dos dados da indústria brasileira: a produção industrial cresceu 2,9% em janeiro na comparação com dezembro, superando as projeções.
Engraçado que, a despeito do otimismo do mercado, o próprio IBGE, que é quem apura dos dados, não parece assim tão animado com o cenário para a indústria...
“Quando olhamos a demanda das famílias, vemos um ritmo menor. Junto a isso, os níveis de inadimplência seguem altos, a evolução da massa salarial é lenta e o crédito está mais restrito”.
Fora isso, está tudo bem.
O samba da Mercedez
Quem puxou os dados da produção industrial foram os bens de capital, que subiram 10%, com o maior destaque dentro do nicho para os veículos pesados.
Os caminhões que, diferente do cenário difícil para autos leves (com fim dos estímulos e adequação à obrigatoridade de itens de segurança), continuam em uma maré de estímulos e já passaram o período de ajustes pela mudança na padronização de motores na virada de 2012.
O Carnaval é na propaganda Mercedez, mas tem mais gente comemorando. Dentre as companhias listadas, Fras-le (FRAS4) e Tupy (TUPY3) continuam nessa folia, além da Randon (RAPT4), claro.
Pense fora da caixa
Como visto, a realidade dos caminhões destoa da realidade dos veículos leves, de forma que não podemos tratar bens de capital como um pacote fechado.
Dentro desse pacote, há ainda outros sub-nichos cuja realidade ainda é pra lá de desafiadora.
Números de janeiro à parte, não mantenho grandes perspectivas de recuperação dos investimentos produtivos no Brasil em 2014, com consequências negativas principalmente aos resultados das fabricantes de máquinas e equipamentos.
Caso de Romi (ROMI3), a única representante pura de bens de capital na Bolsa brasileira.
Não é o caso de Weg (WEGE3), que é mais redonda tanto operacional quanto financeiramente e tem máquinas e equipamentos, mas também tem tintas e geração de energia.
Para não degringolar de vez
Quem também não está nada otimista com o cenário atual é o Frederico Mesnik, sócio fundador da Humaitá Investimentos.
"Independentemente de quem ganhar a eleição, uma conta macroeconômica será paga a partir de 2015. Se o Brasil vai crescer menos do que 2% em 2014, crescerá menos ainda em 2015 porque quem entrar terá de puxar esse freio de mão (área fiscal), senão o país irá degringolar de vez."
O Mesnik levantou a bola em nossa seção de Conversas com Gestores. Nas 20 páginas de relatório, além de filosofia de investimento e indústria de fundos, a entrevista do gestor com a equipe da Empiricus aborda três apostas do fundo em três belas ações ainda fora do radar.
Verde comprando verdes
Chegando no final da confecção deste M5M, parece que o otimismo dos mercados foi contaminado com a descrença do time da Tempestade...
Neste sentido, sugiro a leitura da carta aos cotistas de fevereiro do famoso fundo Verde, do gestor Luís Stuhlberger:
“Em fevereiro, houve uma das mais notáveis reversões de fluxo para mercados emergentes (EM) de que me lembro. É como se, em um passe de mágica, o medo de tapering e tightening desaparecesse, e o fluxo para renda fixa voltasse a todo vapor.”
Resumindo, um dos maiores ganhadores de dinheiro do mercado brasileiro está apostando fortemente na alta do dólar e na piora das condições para a economia brasileira.
“A partir da dinâmica de preços de câmbio e juros futuros, um observador poderia ser levado a concluir que houve uma mudança significativa de cenário no Brasil, para melhor. A leitura mais detalhada dos dados até o momento, entretanto, sugere o contrário.”
Estou com o Sthulbarão. No caso, sou rêmora.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.