Senado arquiva PEC da Blindagem após rejeição unânime pela CCJ
Em qual ponto o “encomendado” ciclo de baixa das taxas de juros nos Estados Unidos cruzará positivamente o caminho das commodities agrícolas sob pressão ou das com potencial ainda alto de valorização?
À medida em que se avalia a revoada de dólares dos juros em baixa dos Treasuries, dos Estados Unidos, para investimentos de risco, os derivativos agrícolas podem pegar alguma sobra.
O capital estacionado nos títulos do Tesouro americano precisará ser mais remunerado.
Não é lógica que esse momento possa, de fato, se dar, e qual sua intensidade, mas não é irracional pensar que possa acontecer, confirmado o roteiro que o Federal Reserve e seu chefe, Jerome Powell, sinalizaram esse dias, porém com a reticência proverbial em pronunciamento ontem.
As bolsas de valores são as principais candidatas a capturarem esses recursos – além dos mercados de juros de outras origens, como o brasileiro a 15% da base Selic com cara de vigorar até o primeiro trimestre de 2026 -, mas os fundos globais investem em toda sorte de ativos.
Essa demanda melhora as cotações. Dois exemplos: a soja, pressionada pela ausência da China nos EUA, que sai de uma safra cheia e vai enfrentar a brasileira a partir de dezembro, pode ter um fôlego para romper acima dos US$ 14,5/15,00 bushel, ou até não perder os US$ 14; o café segue com potencial de voltar acima dos US$ 4,00 libra-peso, pelos estoques ralos de uma safra sofrida brasileira e a nova sob risco.
Ainda que pontualmente, inúmeras vezes as commodities negociadas em Nova York, na ICE Futures, as softs, e na Chicago Board of Trade (CBOT), os grãos, subiram com o apetite pelo risco ou caíram por estresse, neutralizando os fundamentos próprios, inclusive.
O Fed trouxe o intervalo dos juros para 4% a 4,25%, com o corte de 25 pontos-base. Mais pelo menos dois desse tamanho pode-se se esperar até dezembro. A extensão para o início de 2026 garantiria o perfil dessa realocação de capitais para outras carteiras.
Naturalmente que surpresas podem ocorrer, como os próximos Payroll piorando ou melhorando os empregos a níveis fora da curva ou por cenários turbulentos liderados por Donald Trump – políticos-domésticos nos EUA, geopolíticos e tarifários.
Para os produtores brasileiros, conhecidos por não fazerem hedge, com exceções no setor de café, é uma expectativa que pode funcionar neutralizando as cotações em baixa e a queda do dólar que encurta suas receitas. Até terça, a depreciação da divisa frente acumulou mais de 14% no ano, ao fechar em R$ 5,28, -1,10%.
O padrão é o mesmo frente a 24 moedas internacionais, de 27 pesquisadas pela Elos Ayta.
Se a China voltar a se apresentar no mercado americano, o que não se descarta porque a soja brasileira e argentina não dará conta sozinha, aí ficará melhor ainda: fundamento mais financeiro.