A semana começou “sem graça”, com o Set-21 novamente testando o importante suporte nos 149,00 centavos de dólar por libra-peso. O mercado ficou “de lado” mesmo com o Real valorizando +3% na semana (fechando @ 4,95 R$/US$). O volume diário negociado ficou na média abaixo dos 30.000 lotes.
Notícias “velhas” voltaram a circular no mercado tentando “fazer preço”. Dependendo do “lado em que você estiver posicionado” e da “sua interpretação” as notícias foram consideradas positivas ou negativas.
O Rabobank novamente publicou relatório revisando a safra brasileira 20/21 para cima (aumentando a produção brasileira de 67 milhões de sacas para 72 milhões de sacas e manteve a safra 21/22 em 56,7 milhões de sacas). Por outro lado o relatório do USDA sinalizou um consumo superior a oferta em 166,8 milhões de sacas x 164,8 milhões de sacas (vale lembrar que a Conab segue indicando uma produção brasileira ao redor dos 48 milhões de sacas e outros relatórios estão entre 50-55 milhões de sacas). Como são feitos esses levantamentos de safra? Por que tanta variação entre empresa X e Y? Por que a Conab ainda não divulgou o último levantamento referente ao estoque de passagem brasileiro (normalmente esse número é publicado até o mês de maio)… Em breve saberemos quem estava com a razão!
Os dados do USDA também indicam um aumento no consumo interno brasileiro (+23,7 milhões de sacas) e uma redução nas exportações brasileiras em -9 milhões de sacas (caindo de 41 para 32 milhões de sacas). Desta forma o indicador “estoque x consumo” mundial deverá encerrar o ano-safra nos menores níveis dos últimos 10 anos.
As exportações brasileiras voltaram com força, e até o final do mês de junho deverá ultrapassar os 2 milhões de sacas. Considerando uma produção em 52 milhões de sacas (sendo otimista), um consumo interno em 23,7 milhões de sacas (segundo o USDA), e uma exportação ao redor dos 3,0 milhões de sacas por mês (totalizando 36 milhões de sacas nos próximos 12 meses) os números não fecham. O mercado brasileiro e mundial vão descobrir qual o “real estoque de passagem” existente no Brasil. Os estoques vão “zerar” e vai faltar café para alguém!
Com base nos números acima o Brasil vai precisar “encontrar” 7,7 milhões de sacas! Os preços deverão continuar firmes. Acreditamos que o café brasileiro finalmente vai ser negociado “sem desconto” contra a tela de Nova Iorque!
Produtores brasileiros continuam reclamando do aumento nos custos de produção (segundo alguns dados os custos dos fertilizantes aumentaram mais de 50%, combustível entre 30-40%, defensivos agrícolas entre 10-15%, além da energia elétrica, mão de obra dentre outros). Infelizmente quando o Real desvaloriza os custos dos produtos importados são repassados imediatamente para os consumidores. Quando o Real valoriza os vendedores alegam que o estoque ainda está com os preços “velhos” e demoram para atualizar e repassar as novas tabelas. Sempre foi assim…
Na sexta-feira as cotações em Nova Iorque e Londres corrigiram e fecharam a semana com uma valorização de +3,50% e o Real com uma valorização de + 3%. Ou seja, em Reais/saca nada mudou para o produtor! Mercado interno seguiu negociando entre 750-870 Reais/saca dependendo da qualidade e local de entrega (aproximadamente 100 R$/saca abaixo das máximas praticadas há 3 semanas).
O clima seco continua ajudando o avanço da colheita da safra 21/22 (com aproximadamente 35% e 50% do café arábica e robusta já colhido respectivamente). Produtores continuam honrando seus compromissos já assumidos porém a produtividade e qualidade dos grãos seguem preocupando. Cafés com peneira 17/18 e cafés tipo “cereja descascado” estão com produção escassa e os prêmios para essas qualidades deverão subir em breve. Os rendimentos nas lavouras estão vindo abaixo do esperado e infelizmente a seca afetou diretamente na formação e enchimento dos grãos.
Todas essas notícias já estavam circulando no mercado durante os últimos 30-60 dias… O que mudou na última sexta-feira fazendo o mercado “engatar uma terceira marcha” e subir +450 pontos (com o Set-21 chegando a negociar @ 158,25 centavos de dólar por libra-peso e fechando a semana nos “highs” da semana @ 157,90 centavos de dólar por libra-peso)?
GEADAS! RISCO DE GEADAS! Na sexta-feira vários boletins meteorológicos indicaram riscos de geadas para a próxima semana nas principais zonas produtoras brasileiras (próxima terça-feira e quarta-feira). Com a posição dos “fundos + especuladores” abaixo dos 32 mil lotes essa notícia deve ter deixado muitos gestores “comprados” atravessar o final de semana felizes. Próximos dias prometem!
Conforme sinalizamos nos últimos meses os preços atuais estão remunerando os produtores brasileiros entre 30-40% acima dos custos de produção (apesar de muitos não concordarem). Preços acima dos 900/950 Reais/saca deveriam ter sido aproveitados (tanto para a safra atual quanto para a safra 22/23). Os preços poderão subir mais? Sim! Poderão cair? Claro (basta chover em setembro/outubro)… Vamos ver o mercado “subindo nos boatos e realizando nos fatos”! Volatilidade continua sendo o nome do jogo para os grandes “fundos+especuladores” e eles não estão interessados com o “custo do produtor brasileiro e/ou da América Central e/ou África/Vietnam”…
Desta forma, muita atenção! Seguimos sugerindo cautela nas vendas do saldo da safra 21/22 e principalmente para as safras 22/23 e 23/24 em diante.
Para as safras 22/23 e 23/24 seguimos sugerindo a venda através da “garantia de um preço mínimo” deixando o “up-side” em aberto. Produtores conversem com suas cooperativas e compradores para começar a negociar nesta modalidade. Atenção nos custos que serão cobrados para a compra dessa proteção. Seguimos sugerindo a venda em US$/saca (não se esqueçam em fazer o hedge cambial contra nova valorização do Real – segundo o Ministro Paulo Guedes o Real ainda tem espaço para valorizar e 2022 vamos ter toda a volatilidade do ano eleitoral brasileiro).
No Set-21 próximos suportes @ 155,70 / 155,30 / 151,50 e 144,50 centavos de dólar por libra-peso. Resistências @ 162,80 / 164,00 e 167,40 centavos de dólar por libra-peso.
No Set-22 próximos suportes @ 163,70 / 157,50 e 154,80 centavos de dólar por libra-peso. Resistências @ 167,50 / 170,75 / 172,50 e 177,70 centavos de dólar por libra-peso.
“Sugestões da semana”:
No Set-21 quem comprou a “Call” strike +150 parabéns! Agora não tem mais o que fazer… apenas torcer para não ter geada na próxima semana.
Para a safra 22/23: na sexta-feira era possível a compra de uma opção de venda através da compra de uma “PUT-Spread” strike +160 /- 130 vendendo uma opção de compra “Call” strike -200 a “custo zero”. Considerando o Real futuro @ 5,25 R$/US$ essa operação garante uma remuneração para o produtor entre 900-1.180 R$/saca desde que o Set-22 (no dia do vencimento das opções) feche acima dos 130 centavos de dólar por libra-peso e acima dos 200 centavos de dólar por libra-peso.
Também sugerimos a compra de um seguro no caso do mercado explodir e negociar acima dos 250 centavos de dólar por libra-peso, comprando uma opção de compra “fora do dinheiro”, uma “Call”, exercício 250 ao custo aproximado de 55 R$/saca.
MUITO CUIDADO: O INVERNO COMEÇOU! Agasalhem-se!