Impressionante como evoluíram os acontecimentos no País desde o impeachment de Dilma Rousseff até os dias de hoje.
Se na esfera econômica foram notórios os avanços, na política predominaram duros embates pelo poder. Foi um período de provações, com denúncias quase que semanais contra o presidente Temer e seu grupo mais próximo. Tivemos delações de figuras de proa do PMDB e de outros partidos atrelados, presas, acusações de traficância aberta no Planalto, diversas operações da Justiça, etc. Tudo isso acontecendo de forma ininterrupta, colocando a “panela” sob pressão e abalando a governabilidade do presidente Temer.
O epílogo aconteceu depois das gravações da JBS (SA:JBSS3) em maio, envolvendo ainda mais o presidente em tenebrosas transações. Estas acabaram ensejando a pronta atuação da PGR, de Rodrigo Janot, com a montagem de uma peça com denúncias fortes contra o presidente. Foram duas, passando pela STF e indo para a CCJ e o plenário da Câmara. A primeira foi rejeitada, o mesmo devendo acontecer com a segunda (nesta quarta-feira sendo votada na Câmara), mas a que custo? Esta é a indagação que todos se fazem.
Com certeza, pelas campanhas (orquestradas ou não) a governabilidade do presidente Temer acabou afetada e por certo será mais custosa daqui para frente, até porque quanto mais tempo se perde, mas nos aproximamos do calendário eleitoral e mais difícil se torna a aprovação da Reforma da Previdência. Na opinião de muitos, esta acabará jogada para o próximo presidente, depois de 2019, com certeza devendo ser mais dura, até pela deterioração das contas da Previdência, afetando ainda mais o regime fiscal do País. Uma boa notícia, no entanto, é que mesmo com esta reforma não devendo vir mais contundente, mas “enxuta” como é opinião predominante neste momento, alguns sinais promissores já mostram uma reversão no comportamento das contas públicas.
Em setembro, a arrecadação deu uma animada, ao crescer mais de 8% contra o mesmo mês do ano passado, repetindo a recuperação do mês anterior, o que deve mitigar um pouco o desempenho sofrível do resultado primário já agora em setembro. Este, em agosto, veio negativo em R$ 9,5 bilhões, menor resultado para o mês desde 2015, em 12 meses chegando a R$ 157,7 bilhões, um pouco abaixo da meta para este ano, de R$ 159 bilhões.
Em paralelo, o governo, para garantir esta meta neste ano, deve “colocar na praça” um pacote fiscal que, entre adiamentos de reajustes para servidores e elevação de alíquotas previdenciárias, deve gerar um caixa de R$ 21,3 bilhões, segundo a Fazenda, garantindo esta meta para 2017. O problema é que pela “guerra de bastidores” entre Planalto e Câmara, Temer deve enviar a maioria destas medidas sob Medida Provisória, não indo para votação em plenário agora.
Interessante que, enquanto o mundo político continua em ebulição, as melhorias na economia são perceptíveis. Vamos avançando.
Na atividade econômica um “freio de arrumação” acabou acontecendo em agosto, desconfiando-se que causado pelo esgotamento no uso dos recursos das contas inativas do FGTS e pela safra agrícola deste ano, também perdendo seus “efeitos multiplicadores”. Consideramos, no entanto, que a recuperação da economia segue acontecendo, mas seus movimentos ainda são frágeis para não dizer erráticos, entre altas e baixas.
Pela tabela ao fim observamos que a atividade econômica deu uma pausa em agosto, com vários indicadores no vermelho, mas os indicadores de confiança continuaram otimistas, mostrando que os agentes continuam enxergando uma melhoria, mais concentrada no ano que vem.
Neste contexto, consideramos que o PIB do terceiro trimestre ainda deve vir um pouco fraco, num crescimento em torno de 0,2% a 0,4%, meio que em linha com o segundo (0,2%), mas mostrando maior dinamismo ao final do ano. Acreditamos que a taxa Selic recuando a 7,0% deve abrir espaço para a recuperação do crédito e do consumo, observando-se aqui um maior alívio de passivos, com o retorno, aos poucos, ao consumo, com as empresas, por outro lado, ainda em dificuldades para limpar seus passivos e voltar a investir.
Mantemos nosso crescimento do PIB, ao fim deste ano, mais próximo a 0,7%, mas acreditando num desempenho melhor em 2018, crescendo mais de 2%, desde que a crise política se dissipe, a agenda de reformas avance e nenhum choque externo aconteça. Neste caso, preocupam um pouco os movimentos desastrados de Donald Trump nos EUA, com dificuldades no anúncio do pacote fiscal para o ano que vem. Somam-se a isso, as tensas relações do presidente com o mundo, havendo vários focos de incerteza, como no caso da Coreia do Norte.
Vamos avançando...