Está ficando mais difícil para as maiores varejistas dos EUA impressionarem os investidores após o boom da pandemia, responsável por aumentar suas vendas e expandir suas margens de lucro. Seus resultados continuaram mostrando força, mas o futuro transparece maior incerteza, à medida que os consumidores voltam aos seus padrões normais de compra.
O Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34), maior varejista de lojas físicas nos EUA, divulgou resultados trimestrais na terça-feira acima das expectativas dos analistas. As vendas comparáveis – realizadas em lojas e canais digitais em operação há pelo menos 12 meses – cresceram 5,2% no trimestre encerrado em 30 de julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas no comércio eletrônico americano subiram 6% ano a ano, quando as restrições da Covid mantiveram muitas pessoas em casa. O crescimento, entretanto, desacelerou no início do, tanto online quanto offline.
A Home Depot (NYSE:HD) (SA:HOME34) apresentou números abaixo das expectativas nesta semana para o 2º tri, com suas vendas nas mesmas lojas subindo 4,5% no período encerrado em 1 de agosto, ou seja, 5,6% abaixo da média das estimativas dos analistas.
Outra grande varejista, a Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34), informou, no início desta semana, que o crescimento das suas vendas desacelerou no 2º tri. As vendas nas mesmas lojas cresceram 8,9%, menos da metade dos ganhos registrados há um ano. Ao mesmo tempo, as margens de lucro se estreitaram e a receita do comércio eletrônico subiu 10% depois de praticamente triplicar há um ano.
Esses sinais de desaceleração ocorrem no momento em que os consumidores americanos colocaram o pé no freio dos gastos em julho, por causa da inflação mais alta. As vendas no varejo dos EUA caíram 1,1% em junho, segundo o Departamento de Comércio na terça-feira, com os gastos caindo de forma geral em todas as categorias, inclusive roupas, móveis e automóveis. O número do governo, que considera restaurantes e bares, havia subido em junho, com mais americanos se vacinando e gastando com jantares e viagens.
Walmart e Home Depot ainda são boas compras
Apesar de sinais de arrefecimento nas vendas, alguns analistas continuam otimistas com essas ações, recomendando que os investidores aproveitem as correções para comprar, já que os gastos relacionados à pandemia continuam impulsionando o faturamento.
Robert Ohmes, analista do Bank of America, elevou seu preço-alvo para o Walmart nesta semana de US$185 para US$190, estabelecendo uma nova máxima em Wall Street entre os principais analistas, de acordo com a FactSet. Os papéis do WMT fecharam o pregão de ontem a US$150,11, valorizando-se 0,7% no dia.
Em sua nota, ele afirmou:
“Acreditamos que os ganhos acionários do WMT podem acelerar com a normalização do ambiente e clientes voltando a fazer compras perto de casa, em estabelecimentos menores. ... A maior sensibilidade a preços com a reabertura pode direcionar o tráfico para nomes de valor, como o WMT”.
As ações da Home Depot caíram mais de 4% na terça-feira, após a megavarejista ficar aquém da previsão consensual dos analistas; entretanto, o Goldman Sachs recomenda compra, com seus analistas prevendo que a companhia continuará gerando crescimento, mesmo em comparação com os fortes resultados do ano passado.
O Goldman elevou seu preço-alvo da ação para US$390 de US$376. O novo alvo está 21% acima de onde a ação era negociada na quinta-feira e é o maior entre os principais analistas de Wall Street, de acordo com a FactSet.
Em nota, o Goldman disse o seguinte:
“A gerência da Home Depot acredita que, com o crescimento do valor dos imóveis residenciais, os consumidores tendem a investir mais em suas casas, impulsionando a demanda na categoria de reforma e decoração."
Conclusão
Começam a aparecer os primeiros sinais de que o boom de compras na pandemia de itens de supermercado e produtos de reforma e decoração está arrefecendo, e os clientes podem voltar a adotar hábitos de compra mais normalizados após mais de um ano estocando produtos essenciais durante os lockdowns.