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Vem Gringo, Vem!

Publicado 06.05.2015, 15:16
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A economia das panelas

Há algo muito além da polarização política no programa televisivo de ontem à noite, com desdobramentos econômicos práticos.

Ao promover um discurso em defesa do trabalhador, o partido da situação acabou acendendo uma vela para Deus (trabalhadores), ao mesmo tempo em que acende outra para o diabo (ajuste fiscal).

Entre o céu e o inferno há sempre o fiel da balança, no caso o PMDB, que não gostou nada da postura.

O partido naturalmente não quer carregar sozinho a mácula do ajuste fiscal, e agora ameaça retirar o apoio ao ajuste.

Poxa, mas o mercado já não tinha colocado o ajuste na conta?

Vem gringo, vem!

As manchetes do dia destacam: o verdadeiro propulsor da alta recente da Bolsa brasileira é o fluxo de capital estrangeiro.

A Bovespa fechou abril com o maior volume de recursos externos em mais de dois anos, com R$ 7,6 bilhões.

Embora a questão do fluxo seja óbvia, de farra de liquidez lá fora com Bolsas globais em níveis recordes (em tese menos atrativas), essa migração tem também a ver, embora em menor escala, com perspectivas quanto à economia...

Temos o atrativo extra dos juros reais mais elevados do mundo com risco soberano relativamente baixo - o último peru com farofa fora do dia de Ação de Graças.

Mas a exposição do gringo aqui é em moeda fraca. Com o dólar a R$ 2, ele corria para ganhar juros no mercado brasileiro e devolver tudo na desvalorização cambial.

Com a menor volatilidade do câmbio, e a moeda já em R$ 3, o estrangeiro tem maior visibilidade quanto esse potencial pedágio na sua saída.

Num ambiente de US$ 100 trilhões de excesso de liquidez, qualquer fração ínfima que vier para cá torna-se explosiva.

Qualitativo x quantitativo

Mas, ponderando quantitativo x qualitativo, apreciemos com moderação.

Ainda trata-se de capital especulativo.

Ou os dois principais propulsores do momento positivo do Ibovespa não foram justamente os dois principais prejuízos registrados anos, de Vale (- R$ 10 bilhões no 1T15) e Petrobras (- R$ 26 bilhões no 4T14)?

Infelizmente ainda não podemos comemorar melhora de prognóstico para a economia brasileira, basta ver que todas as apurações com agentes de mercado - mais notadamente relatório Focus - seguem apontando deterioração nos fundamentos.

No qualitativo tupiniquim do dia, a produção industrial caiu 0,8% em março, pior resultado para o mês desde 2006...


Correndo atrás do rabo

O resultado da produção industrial frustrou as projeções, que davam conta de queda menor, de 0,6%.

A âncora do resultado foi o setor automotivo.

Ontem, a Fenabrave anunciou queda de 25% nas vendas de veículos em abril, na comparação com (o já lastimável) abril de 2014.

Mas projeção por projeção, o destaque fica com a associação do setor...

Diante dos números apresentados, a Fenabrave resolveu, no quinto mês do ano, revisar para baixo sua projeção para vendas no ano, de -10% para -18,9%.

Detalhe: esta não é a primeira revisão na projeção da associação este ano, que, antes, já havia reduzido sua aposta de -0,5% para -10%.

Diante disso, pergunto:

1) qual a credibilidade destes -18%?
2) não tem mesmo crise em Goiana?

Covenant para inglês ver

O resultado da CSN, dentre inúmeras variáveis, marcou uma escalada da alavancagem da empresa de 4,0x para 4,76x dívida líquida/ebitda ajustado.

Guardadas as devidas proporções, CSN atingiu, ainda que de forma passageira, o índice de alavancagem que a Petrobras atingiu no final do ano passado (no primeiro trimestre deste ano já será mais do que isso).

Um patamar desses gera inevitável desconforto sobre a estrutura de capitais da empresa, e geralmente, temores de quebra de cláusulas financeiras com os credores da dívida, os chamados covenants.

CSN, no caso, não possui cláusulas contratuais restritivas com seus acordos de dívida.

Em tese, menos mal...

Mas só em tese. Na prática, é a mesma coisa que se tivesse.

Explico...

Quando do estouro de um covenant, as empresas em geral tem conseguido o perdão (ou waiver) de seus credores.

Ao invés de ter a antecipação da cobrança de dívidas, paga uma multinha para o credor e obtém o perdão...

Compreensível... para o credor, que precisa receber da empresa, a execução do covenant representa um fator tremendo de pressão sobre uma estrutura de capital que já está pressionada (alavancada acima do limite).

Executar o covenant seria, portanto, a forma mais rápida de o credor não receber nada. E entre nada e alguma coisa, ele costuma preferir alguma coisa.

Agora, o impacto prático dos covenants, haja perdão ou não, é de piora no perfil de crédito da empresa e consequente encarecimento de seu custo de captação.

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