Apesar de toda turbulência do primeiro trimestre, a VIVARA (VIVA3) conseguiu obter um ótimo resultado. A receita e o lucro líquido cresceram, respectivamente, 53% e 57% em relação ao 1º trimestre de 2019. Isto é, comparativamente aos resultados obtidos antes da pandemia. O gráfico a seguir evidencia o comportamento do lucro líquido ao final de cada trimestre agregando os dados dos 12 meses anteriores.
Chama atenção o fato de, mesmo com o fechamento das lojas em razão da epidemia, a empresa ter conseguido manter um resultado positivo em 2020 e 2021. Durante esse período, a margem liquida sofreu uma compressão, mas agora está em um patamar bastante interessante – em torno de 21%, praticamente no mesmo nível da margem EBTIDA, conforme demonstrado no gráfico a seguir:
Da mesma forma os índices de rentabilidade. Houve uma redução na pandemia, mas os índices voltaram a crescer a partir do 1º trimestre de 2021. O gráfico a seguir apresenta a evolução dos índices ROA, ROE e ROIC.
Impressiona o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) de 17,3% obtido pela companhia no 1º trimestre de 2022 considerando os dados dos últimos 12 meses (2T21, 3T21, 4T21 e 1T22). Esse número é 4,08% acima do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) de 13,22% estimado por meio do modelo CAPM. Isso significa que a empresa está gerando valor com suas operações, pois o retorno obtido é maior do que o custo do capital necessário para financiar suas atividades. O gráfico abaixo ilustra bem esses números.
Quanto ao endividamento, a firma apresenta níveis bastante saudáveis. No 1º trimestre de 2022, a liquidez corrente atingiu 2,44 enquanto a dívida liquida foi equivalente a 78% do seu EBTIDA dos últimos 12 meses. O gráfico abaixo, por sua vez, apresenta o comportamento do custo da dívida e do índice de cobertura de juros.
Embora a Vivara (SA:VIVA3) atue em um mercado fragmentado, com diversos players, principalmente locais, a companhia vem ganhando market share de forma consistente, conforme pode ser observado no gráfico abaixo extraído do release divulgado pela firma. Isso pode ser explicado por causa da ampliação do e-commerce, bem como diante das dificuldades enfrentadas durante a epidemia por outras empresas menos capitalizadas.
Percebe-se que há muito espaço para crescimento e consolidação no setor, ainda mais que a Vivara está bem capitalizada (a empresa possui 393,6 milhões em caixa e 208 milhões em dívidas de curto prazo). Além disso, possui acesso à capital de baixo custo por estar listada na bolsa e por apresentar dados robustos em suas demonstrações financeiras. Nesse cenário, a aquisição de outras companhias não deve ser descartada, o que pode causar uma valorização das ações, pois não é o cenário base no momento.
Pelos resultados apresentados, verifica-se que a empresa tem se mostrado bastante resiliente. Mesmo diante de cenários adversos, como a pandemia, a guerra na Ucrânia, a inflação global, a elevação dos juros no Brasil e nos países desenvolvidos, a Vivara conseguiu apresentar bons resultados. Não é por acaso que suas ações negociam com prêmio. Muitos analistas a consideram “cara”. Mas picanha é mais caro mesmo.