Meu pai achava o Lulu Santos um poeta. Tempos modernos se repetia lá em casa com uma frequência assustadora. Eu não gostava daquilo, mas uma coisa devo admitir: o cara sabe compor sucessos. E como todo bom hit maker, é bem brega.
Entre as suas mais variadas cafonices, uma é especial: nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.
Para meu desespero, o pior é que a frase ultra brega encontra ressonância na análise de ações. Imagina o seguinte: você, com o acesso a informação de hoje e possuidor dos atuais métodos de análise, vai parar nos tempos iniciais de Benjamin Graham. Não vale levar o iPad, mas pode ir com as ideias na cabeça.
Naquele momento, o acesso à informação era precário e uma simples leitura do balanço poderia ser suficiente para identificar a verdadeira joia rara em Bolsa. Hoje, com o excesso de informação, as nuances são muito maiores. Nunca mais será como antes.
Se você pretende investir a partir dos critérios clássicos de value investing, precisará adaptá-los cuidadosamente à nova realidade, pois aquilo que parece barato pode ser, na verdade, uma grande armadilha de valor. Neste relatório, tentamos apreender os conceitos da Escola de Valor e transportá-los para setembro de 2013 - oportunidades de comprar ações sob princípios simultaneamente clássicos e modernos.
Mas as vicissitudes dos ensinamentos clássicos de Graham não param por ai. Lembre-se que o pai do value investing recomendava usar informações já públicas, ou seja, demonstrações financeiras passadas para identificar valor. Mas, ora, por definição, o valor de uma empresa não vem de seus fluxos de caixa de hoje até o infinito? O valor vem do futuro, e não do passado. Assim, não podemos ignorar as contribuições de Philip Fisher, o precursor do growth investing.
Value e growth se misturam, pois o próprio valor intrínseco muda com o passar do tempo. É isso que nos motiva a procurar ações aparentemente caras, mas que continuarão subindo e ficarão ainda mais caras.
E tem uma terceira particularidade envolvendo os ensinamentos clássicos do investimento em valor: a ideia de se investir somente naquilo que se entende. Você não tem a mínima noção de engenharia mecânica e anda de bicicleta. Um bebê não sabe as propriedades de leite materno mas empurra pra dentro. O Marcelinho Carioca não conhecia as leis físicas por trás dos efeitos na bola. O ininteligível não quer dizer não inteligente.
Você pode comprar algo que não entende, contanto que minimize sua perda potencial e maximize seus ganhos. É exatamente essa postura, por exemplo, que você deve adotar diante da iminente recuperação judicial da OGX. Lulu Santos não é poeta, nem filósofo, mas já vendeu sete milhões de discos.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.