🔥Ações selecionadas por IA com InvestingPro Agora com até 50% de descontoGARANTA JÁ SUA OFERTA

À Mesa com FHC

Publicado 02.12.2014, 21:30
iBOV
-

Dia D

O M5M de hoje chegou mais tarde do que o habitual. Leitor assíduo, você deve ter notado...

É por uma boa razão.

O evento de 5 anos da Empiricus aconteceu nesta terça-feira pela manhã, com palestras do gestor de investimentos Pedro Cerize, do economista Alexandre Schwartsman e o gran finale a cargo do Presidente FHC.

Utilizarei os 4 minutos a seguir para abordar o que, na minha opinião, passou de mais relevante dentre quatro paredes.

O que comprar ou vender? (Cerize)

Com o título de “Comprar ou vender no fim do Brasil?”, Cerize começou sua palestra enfatizando que não vê nenhuma dificuldade de o Ibovespa bater 13 mil pontos em dólar.

Isso posto, o gestor listou as opções de investimento no cenário atual:

+ Comprar dólares? Carregar ativo que vai render zero durante um tempo…

+ Investir em Bolsa fora do Brasil? É entrar em mercados na máxima histórica…

+ Imóveis? Forma de manter poder de compra, embora no longo prazo não devem proporcionar grandes retornos…

+ Ibovespa? Podemos ter um prolongamento da tendência de baixa, apesar de os fracos resultados já estarem em boa parte embutidos nos preços das ações…

A conclusão, portanto, foi de certa forma favorável à Bolsa brasileira.

E o conselho: no dia do pânico (não se engane, ele vai chegar) não entre em pânico! Afinal, é nesta época que surgem as melhores e maiores oportunidades.

Em resumo, a zona atual, por mais que possa ter downside adicional à frente, sugere mais a montagem do que desmontagem de portfólio - olhando para o histórico, há uma assimetria convidativa em favor do upside.

Pedro é brilhante e trouxe insights valiosíssimos.

A pior combinação possível (Schwartsman)

A palestra do Schwartsman começou desqualificando os argumentos de que a crise atual vem de fora. Ao delimitar as raízes domésticas da desaceleração, o economista chegou a uma conclusão pouco agradável...

Como explicar o paradoxo de pleno emprego com economia estagnada?

Ao comparar os dados de PIA (população em idade ativa) e PEA (população economicamente ativa), chega-se a conclusão que as faixas etárias mais jovens estão simplesmente abandonando o mercado de trabalho, em um fenômeno aparentemente permanente, que vai além do claro processo de envelhecimento da população (amplamente abordado aqui no M5M).

Há duas hipóteses básicas para tal:

A boa: esse pessoal está indo estudar, beneficiado pelos programas educacionais mais recentes, o que pode culminar em uma qualificação da força de trabalho ao longo do tempo;

A ruim: o aumento mais recente na renda familiar faz com que muitos jovens deixem o mercado e não necessariamente para se qualificar mais (estudar).

Infelizmente, os indicadores denunciam maior probabilidade desse segundo cenário, o que culmina na pior combinação possível: menos produtividade, menos qualificação e menos gente para trabalhar.

Trocando em miúdos, o país desacelerou porque caiu a produtividade, o retrato acima é pouco alentador à perspectiva de uma retomada da produtividade e os principais argumentos internos para a desaceleração estão do lado da oferta, enquanto as políticas para recuperação estimulam a demanda.

Um dos melhores economistas do Brasil fazendo uma das melhores palestras sobre a economia brasileira. Tudo conforme esperado - e que sugere um cenário bem difícil para 2015.

Precisamos de um consenso (FHC)

Com a palavra, FHC traçou o processo histórico que culminou em um desafio político ainda mais relevante do que o desafio econômico atual.

Lembrou, por exemplo, do início do processo de privatização e como as agências reguladoras foram inseridas não para “terceirizar governo”, mas com o intuito de fiscalizar se o capitalista estava realmente investindo.

Em sua ótica, os partidos demoraram a entender o processo, como um mecanismo regulador do sistema de privatização poderia exercer pressão política. Com o tempo entenderam isso, e o governo cedeu, trocando postos anteriormente técnicos a cadeiras partidárias. Com o Estado dominante, ampliou-se a percepção de que o sistema (de privatização) não funcionou em sua plenitude.

Essa foi apenas uma das ilustrações utilizadas para compor o cenário de multiplicação do poder partidário, que passou pela constituição aberta, uma máquina pública inchada e um Congresso extremamente fragmentado, em que o partido mais representativo tem peso de pouco mais de 12% das cadeiras.

Precisamos de um ajuste firme e de uma série de medidas, mas não há consenso para dar agilidade às decisões e ao processo de ajustamento econômico como um todo.

Quem tem capacidade para produzir esse consenso?

Do contrário, cada passo da reestabilização será um parto.

Difícil...

Se atingimos um consenso entre todos os participantes de nossa reunião desta terça, é de que crescer em 2015 é algo realmente complicado.

Estamos terminando um 2014 de grandes gastos (vide tragédia fiscal), política monetária mais flexível e uma série de incentivos que estão com os dias contados, com um crescimento que deve ser próximo de 0,1%...

Demos o pontapé em 2015 sob perspectivas de crescimento muito baixo da economia - segundo o relatório Focus de ontem, apostas de crescimento da ordem de 0,77% para o ano que vem, mas sob o mesmo cenário macro de 2014, e agora com início de ajuste fiscal, aumento de tarifas (desrepresamento), juros mais elevados...

Trocando em miúdos, se conseguirmos fazer os ajustes e ainda ter um 2015 parecido com 2014, estaremos no lucro.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.