Por Sybille de La Hamaide e Benoit Tessier
PARIS (Reuters) - Os agricultores franceses voltaram às ruas de Paris nesta sexta-feira, alertando o presidente Emmanuel Macron de que ele deve esperar uma dura recepção quando abrir uma grande feira agrícola no sábado, em meio à insatisfação por conta dos custos, da burocracia e das regulamentações ambientais.
Dezenas de tratores entraram na capital francesa buzinando ruidosamente. Um trator carregava uma placa que dizia: "Macron, você está plantando as sementes para uma tempestade -- cuidado com o que você colherá".
Os agricultores têm protestado em toda a Europa por renda maior, menos burocracia e denunciando a concorrência desleal de produtos ucranianos baratos devido à ajuda pelo esforço de guerra de Kiev.
Neste mês, os agricultores franceses suspenderam em grande parte os protestos que incluíam o bloqueio de rodovias e o despejo de esterco em frente a prédios públicos, depois que o primeiro-ministro Gabriel Attal prometeu novas medidas no valor de 400 milhões de euros.
Mas os protestos foram retomados nesta semana para pressionar o governo a ajudá-los mais e cumprir as promessas, antes da feira agrícola de Paris, um evento importante na França, que atrai cerca de 600.000 visitantes durante nove dias.
"Alguns agricultores tentarão impedir o presidente (Macron) de entrar na feira comercial. E se ele entrar, eles vão perturbar sua caminhada", disse Jean Lefevre, membro da FNSEA, o maior federação sindical agrícola da França, à Reuters.
Haverá tratores e cerca de 2.000 agricultores esperando por Macron na feira, disse Lefevre.
Os protestos dos agricultores tem se espalhado pela Europa, mais recentemente em países como Polônia, Espanha e República Tcheca. Eles ocorrem em um momento em que partidos de extrema-direita, para os quais os agricultores representam um eleitorado crescente, são vistos obtendo ganhos nas eleições de junho para o Parlamento Europeu.