Por Jarrett Renshaw
(Reuters) - A ameaça do governo do presidente Joe Biden de impor mais tarifas sobre a China é o mais recente sinal de que as relações mais frias com o país asiático provavelmente se manterão, independentemente de quem vencer a eleição presidencial dos Estados Unidos em novembro.
Biden viajou para o Estado da Pensilvânia nesta semana, onde pediu tarifas mais altas sobre aço e alumínio chineses, e as principais autoridades do governo sinalizaram que é improvável que essa seja sua última investida contra a China na campanha eleitoral.
No mesmo dia, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, sinalizou que tarifas sobre os veículos elétricos chineses podem ser necessárias para proteger os trabalhadores norte-americanos do excesso de produção de Pequim.
Nesta semana, o governo também lançou uma investigação sobre o que seriam tentativas da China de dominar os setores marítimo, de logística e de construção naval. Muitos especialistas agora acreditam que o resultado dessa investigação e de uma revisão plurianual em andamento das políticas comerciais da era Trump será a imposição de ainda mais tarifas sobre as importações da China.
Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, disse que as tarifas dos EUA incorporam o unilateralismo e o protecionismo.
"Muitos parceiros comerciais dos Estados Unidos, incluindo a China, estão fortemente insatisfeitos com o uso frequente pelos Estados Unidos de segurança nacional, comportamento fora do mercado, excesso de capacidade e outras razões para impor restrições e politizar questões comerciais", disse Pengyu em um comunicado na quarta-feira em resposta às tarifas propostas.
A decisão do governo Biden sobre aumentar as tarifas sugere um clima comercial agressivo rumo à eleição de 2024, uma vez que Biden e seu rival republicano, Donald Trump, veem uma postura dura em relação à China como parte do caminho para a vitória, especialmente em Estados como Michigan e Pensilvânia.
Trump propôs tarifas de importação gerais de 10% caso retorne à Casa Branca.
Ele também propõe a eliminação gradual das importações chinesas de produtos como eletrônicos, aço e produtos farmacêuticos ao longo de quatro anos e quer proibir que as empresas chinesas sejam proprietárias de infraestrutura dos EUA nos setores de energia e tecnologia.
Cerca de 41% dos norte-americanos apontaram a China como o maior inimigo dos EUA em uma pesquisa Gallup divulgada em março, tornando-a o principal adversário do país pelo quarto ano consecutivo, segundo o grupo de pesquisa.
As autoridades da Casa Branca descartam a ideia de que se trata de um embate político interno, mesmo quando Biden propôs as tarifas em um discurso anti-Trump na sede do sindicato United Steelworkers na Pensilvânia.
Em vez disso, as autoridades do governo dizem temer que uma enxurrada de exportações de baixo custo da China esteja colocando em risco bilhões de dólares em incentivos fiscais garantidos por Biden para ancorar setores como energia solar, eólica e veículos elétricos nos EUA.
Uma política forte dos EUA contra a China é uma das raras questões que tem amplo apoio bipartidário em todo o país.