Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - A comercializadora e processadora de grãos Algar Agro aumentou sua receita em 15 por cento e saiu do prejuízo em 2015 em meio a um esforço para aumentar os volumes de soja e milho negociados e após fortes mudanças na gestão da companhia.
A receita da empresa, com sede em Minas Gerais, alcançou 2,15 bilhões de reais, ante 1,88 bilhão em 2014, enquanto o resultado líquido foi de lucro de 29 milhões de reais, ante prejuízo de 98 milhões, na mesma comparação.
A movimentação de grãos cresceu 16 por cento sobre os 1,5 milhão de toneladas de 2014, disse à Reuters nesta sexta-feira o presidente da companhia, Murilo Braz Sant'Anna, destacando que grande parte do incremento ocorreu nos volumes exportados.
"A exportação tem giro de caixa muito mais rápido", afirmou o executivo, que assumiu o posto no início de 2015, após muitos anos servindo como vice-presidente na divisão brasileira da gigante Bunge.
Com a decisão de enfatizar as exportações, a Algar passou a girar grãos num volume equivalente a 1,7 vez sua capacidade estática, ante 1 giro em anos anteriores.
Além disso, investiu em reformas na estrutura corporativa, com mais coordenação entre áreas de precificação, vendas e indústria. A margem Ebitda, uma importante métrica de rentabilidade, passou de 3 por cento negativos em 2014 para 4 por cento positivos em 2015.
"É preciso ter controle sobre custos e processos. Qualquer 10 centavos de diferença por saca (de grãos) destrói o resultado de uma empresa", disse Sant'Anna.
PERSPECTIVAS
A crise econômica que afeta o país e provoca redução do poder de compra dos consumidores não deverá ser um grande problema para indústrias de esmagamento de soja este ano, avaliou o presidente da Algar Agro, que opera duas unidades industriais, em Uberlândia (MG) e Porto Franco (MA).
"Farelo de soja e óleo são produtos de necessidade básica. Esses nossos negócios não sofrem tanto, não têm oscilações abruptas", disse Sant'Anna.
Segundo ele, a inflação tem maior potencial para corroer o consumo de itens como vestuário ou diversão, mas que a demanda por carne de frango (alimentado com milho e farelo de soja) ou por óleo de soja, para uso culinário, é bem mais estável.
"Além disso, com o dólar a 3,80 reais ou 3,70, somos muito competitivos no mercado mundial (como vendedores de grãos ou de proteína animal)", avaliou o executivo.
Preocupa a inadimplência de supermercados e agroindústrias, compradores de óleo de soja e farelo.
"Estou preocupado com inadimplência. Qualquer desvio de consumo (no varejo), essas empresas sofrem. Ninguém compra apenas 1 quilo de farelo de soja. Quando ocorre inadimplência, o furo não é pouco", disse o executivo, destacando que a empresa têm conseguido evitar aumento nos calotes devido a um endurecimento na gestão de risco.