🚀 ProPicks IA alcança +34.9% de retorno!Saiba mais

ANÁLISE-Investidor privado amplia fatia no setor elétrico do Brasil com recuo de estatais

Publicado 25.04.2019, 11:34
© Reuters. Linhas de transmissão de energia em Santo Antonio do Jardim
CMIG4
-
CPLE6
-
ELET3
-
ENBR3
-
EGIE3
-
TAEE11
-

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Elétricas privadas, principalmente de capital estrangeiro, têm aumentado fortemente os investimentos no setor elétrico do Brasil, aproveitando o recuo de grandes estatais, que lideraram a expansão da capacidade de geração e transmissão até meados desta década, mas atualmente enfrentam restrições financeiras.

Segundo levantamento feito pela Reuters, de um grupo de 11 empresas privadas, oito ampliaram os aportes entre 2016 e 2018, com algumas companhias elevando investimentos em mais de 200 por cento, enquanto as principais estatais, Eletrobras (SA:ELET3), Cemig (SA:CMIG4) e Copel (SA:CPLE6), reduziram em cerca de 45 por cento.

O investimento da Eletrobras caiu quase pela metade, levando a controlada pelo governo brasileiro a perder sua tradicional liderança nos desembolsos. A estatal, assim como outras empresas públicas, tem promovido desinvestimentos, que inclusive ajudam na atração de recursos privados.

Após investir 8,7 bilhões de reais em 2016, a Eletrobras cortou o orçamento para 5,2 bilhões em 2017, quando foi ultrapassada pela francesa Engie (SA:EGIE3), com 5,5 bilhões. Em 2018, a estatal federal investiu 4,6 bilhões de reais, vendo a primeira colocação ficar com a chinesa State Grid, com 7,1 bilhões de reais.

Embora com orçamentos não tão robustos, outros grupos privados também ampliaram massivamente os aportes em termos percentuais. A norte-americana AES elevou em 333 por cento os desembolsos na subsidiária AES Tietê, enquanto as transmissoras ISA Cteep e Taesa (SA:TAEE11), com participação da colombiana ISA, tiveram alta de 129 por cento e 836 por cento, respectivamente.

"Claramente a gente vai, tanto em leilões de novos projetos quanto em consolidação, ter cada vez mais a presença dos privados. Eu diria até que pela maior eficiência", disse à Reuters o presidente da transmissora ISA Cteep, Reynaldo Passanezi.

"Essas empresas privadas estão bem capitalizadas e têm vantagens competitivas muito grandes. Já as estatais estão passando por um momento bem diferente", disse o diretor da consultoria Excelência Energética, Érico de Britto.

O atual quadro das empresas públicas está em parte associado à complicada situação fiscal do governo federal e diversos Estados.

Mas a atual fase deriva também de investimentos infrutíferos no passado, quando as estatais entraram com agressividade em leilões do governo para novos projetos que depois geraram prejuízos ou resultados abaixo do esperado para as companhias, acrescentou o consultor.

Como resultado desse ciclo anterior, a maior parte das estatais hoje passa por processos de reestruturação e venda de ativos para reduzir dúvidas, enquanto as privadas têm aproveitado para ganhar espaço sem a competição das antigas líderes do setor.

"Muitos investimentos que a Eletrobras fez no passado não tinham taxas de retorno condizentes com os padrões de empresas privadas. O que acontecia então é que com isso você deslocava investimento privado", afirmou Britto.

A mudança de padrão a partir de 2016 tem raízes em parte no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que assim como seu antecessor Lula, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), apostou no investimento estatal como ferramenta para ativar a economia e incentivou a expansão da Eletrobras e outras empresas de controle público.

No final de 2011, por exemplo, tanto Eletrobras quanto Cemig chegaram a disputar um leilão do governo português para a venda de uma fatia na elétrica local Energias de Portugal (EDP (SA:ENBR3)).

Na época, o processo acabou vencido pela chinesa China Three Gorges, que depois investiu quase 19 bilhões de reais no Brasil entre 2016 e 2018. No mesmo período, a subsidiária da EDP no Brasil ampliou aportes em 74 por cento, para 1,1 bilhão em 2018.

REESTRUTURAÇÃO

Se em 2016 as estatais Eletrobras, Cemig e Copel ainda lideravam como maiores investidoras no setor elétrico do Brasil, atualmente as três passam por processos de reestruturação.

A Eletrobras já vendeu empresas de distribuição e alguns ativos de geração renovável e transmissão, enquanto o governo federal tem falado em promover uma capitalização da companhia por meio da emissão de novas ações em um processo que deve levar à perda de controle da empresa pela União.

Já a Cemig tem conduzido um grande plano de vendas de ativos, ao mesmo tempo em que o novo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, promete levar adiante também a privatização da companhia como um todo.

Na Copel, não há planos de desestatização, mas a atual diretoria já disse que irá vender ativos não essenciais, como subsidiárias de telecomunicações e gás, além de pisar no freio em investimentos.

Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Nivalde de Castro, a regulamentação do setor elétrico está consolidada e tem sido capaz de atrair investidores privados locais e internacionais, fazendo com que o governo não precise mais utilizar as estatais para alavancar a expansão do sistema.

"Todo leilão tem uma oferta gigantesca de investidores. O modelo para contratação da expansão está completamente consolidado, você não precisa mais do Estado, de usar estatais como instrumento de Estado para fazer projetos", avaliou.

<^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

Investimentos de elétricas no Brasil (gráfico dinâmico) https://tmsnrt.rs/2DdNEyE

Investimentos de elétricas no Brasil https://tmsnrt.rs/2W0hq1q

© Reuters. Linhas de transmissão de energia em Santo Antonio do Jardim

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^>

(Por Luciano Costa; edição de Roberto Samora)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.