Avanço na colheita de café reduz preços e consumidor brasileiro pode se beneficiar em breve

Publicado 03.06.2025, 18:02
Atualizado 03.06.2025, 18:05
© Reuters. Saca de café colhidon29/01/2025nREUTERS/Khaled Abdullah

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de café do Brasil começou a ganhar mais ritmo, pressionando os preços pagos aos produtores sobretudo na última semana, o que deve ser repassado aos consumidores se a tendência prosseguir, avaliou a associação da indústria Abic nesta terça-feira.

A média mensal do café arábica tipo 6 posto na capital paulista foi de R$2.484,29/saca de 60 kg em maio, a menor desde janeiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Nesta terça-feira, o indicador do centro de estudos da Esalq/USP fechou em R$2.316 a saca, queda de 11,45% em relação ao início de maio.

"Se continuar com os preços da matéria-prima da forma com que foram negociados na semana passada... abriu esta semana com os preços mais baixos, existe sim a clareza de que o ponto de venda vai também cair", afirmou o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, à Reuters.

A queda para o consumidor só deve ocorrer depois que houver uma negociação por parte da indústria e dos supermercados, segundo ele.

"O supermercado não vai colocar o preço a menor enquanto não chegar esta mercadoria", acrescentou ele, prevendo que este movimento poderia vir em até duas semanas, quando o produto negociado a um preço mais baixo tiver chegado ao varejo.

O recuo aos consumidores viria após máximas históricas no início do ano, devido a frustrações de safras no Brasil e no Vietnã, o que impactou consumidores globalmente.

No Brasil, o maior produtor global e segundo maior consumidor da bebida, as vendas no varejo caíram 5,13% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2024, devido aos preços mais altos, segundo a Abic. A inflação do café moído subiu mais de 80% em 12 meses até abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em um contexto de queda nas vendas, "a concorrência está ávida em fazer um volume maior, e as empresas precisam vender mais", disse o dirigente da Abic. "Então agora começa a corrida", destacou.

Mais recentemente surgiram indicações de que a colheita brasileira não seria tão ruim quanto o antecipado em 2025, adicionando alguma pressão aos preços na bolsa de Nova York.

A colheita de café no Sul de Minas Gerais se aproximava dos 15% da produção esperada, mostrou um levantamento do Cepea, que citou que as atividades no noroeste do Paraná atingiram entre 25% e 30%, e na Alta Mogiana Paulista e Cerrado Mineiro, entre 5% e 10%.

A colheita de café dos cooperados da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, havia atingido 10,1% da área até 30 de maio, ante 13,6% no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira.

O Cepea destacou ainda que a umidade trazida por uma frente fria no final do mês atrapalhou o processo de secagem e atrasou a maturação e a colheita em algumas regiões.

CANÉFORA CAI MAIS

Os valores do café canéfora (conilon e robusta) recuaram com mais intensidade do que os do arábica, "já que a colheita da primeira variedade está mais avançada", afirmou o Cepea.

"Além disso, a expectativa de uma safra maior de robusta reforça o movimento de desvalorização", acrescentou.

Em maio, o indicador do robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, teve média de R$1.394,45/saca de 60 kg, sendo 7,1% inferior (ou de 120,34 reais/saca) à de abril. No acumulado do mês, a retração foi de significativos 18%.

A colheita do conilon no Espírito Santo, maior produtor brasileiro dessa variedade, atingiu aproximadamente 30% da produção ao final do mês, segundo o Cepea.

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