SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social anunciou nesta segunda-feira uma nova linha de financiamento para produtores agrícolas que têm recebíveis em dólar, em programa que terá inicialmente disponibilidade de cerca de 2 bilhões de reais ao ano, disse o presidente da instituição, Aloizio Mercadante.
O programa, que beneficiará com taxas mais baixas principalmente aqueles agricultores que cultivam produtos de exportação, deverá ser destinado a financiar compras de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil.
Mercadante ressaltou que a linha é uma "inovação" em momento em que há "certa crise de confiança no crédito", diante de recentes notícias sobre dívidas da Light (BVMF:LIGT3) e das Americanas (BVMF:AMER3). Ele disse ainda que planeja para breve ampliar este programa aos setores da indústria e serviços.
"Vamos começar com 2 bilhões de reais para a agricultura", disse Mercadante, ressaltando que apenas poderão usar este financiamento aqueles agricultores que têm recebíveis (receita) em dólar.
O anúncio confirma reportagem da Reuters, que noticiou em março que o BNDES e o Ministério da Agricultura anunciariam uma linha nesses moldes.
A linha terá taxa de juros fixa de 7,59% ao ano mais a variação do câmbio.
"No caso (do produtor) que tem o recebível em dólar, esta variação não tem relevância", destacou Mercadante.
"É uma taxa muito abaixo da Selic", disse o presidente do banco, comparando com a taxa básica atual de 13,75%.
A linha terá 24 meses de carência e até 120 meses para pagamentos do financiamento, segundo o presidente do banco.
Durante o evento transmitido pela internet, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a linha vem solucionar "demanda para o exportador sem gerar custos para o Tesouro Nacional".
O diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, comentou que a linha aproveita um "bom momento para captações" em que o banco preserva seus ganhos normais e pode oferecer uma "taxa fixa mais barata".
Quando se fala em financiamento de investimentos agrícolas, o BNDES responde por cerca de metade dos recursos utilizados no país.
(Por Roberto Samora)