Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A multinacional Boehringer Ingelheim anunciou a chegada de Xavier Andivia para o cargo de head da divisão de Saúde Animal no Brasil, no lugar de Fábio Barone, que deixou a liderança em março de 2021 para se tornar head de Estratégia Global de Saúde Animal da companhia em Ingelheim, na Alemanha.
À Reuters, Andivia disse que a expectativa para as operações da empresa no Brasil seguem positivas, com espaço para avanços nas áreas de pets e suínos, enquanto os segmentos de aves e ruminantes estão mais consolidados.
"Creio que o potencial de crescimento vai estar em pets e suínos, onde nós estamos focando mais e podemos aportar em inovação no curto prazo para saúde e bem estar animal", afirmou o executivo sem revelar números por questões estratégicas.
No ano passado, a companhia cresceu cerca de 30% na área de pets e 26% em suínos no Brasil. Já em aves e ruminantes (que incluem bovinos), os avanços foram de respectivos 47% e 42%.
Andivia disse que o crescimento firme na área de frangos ocorre porque a Boehringer conta com parcerias com cooperativas do setor avícola, o que faz com que a capilaridade dos produtos da empresa aumente.
No caso de bovinos, ele afirmou que o ritmo de exportações da carne traz impactos positivos para toda a cadeia produtiva, inclusive ao segmento de saúde animal.
"A área de bovinos está vivendo um momento muito bom por conta das exportações, a carne do Brasil é muito apreciada... Creio que vá continuar crescendo, a demanda externa é forte", disse o executivo.
Impulsionadas por compras da China e dos Estados Unidos, as exportações brasileiras de carne bovina alcançaram o total de 1,09 milhão de toneladas no primeiro semestre, avanço de 24% ante o volume embarcado no mesmo período do ano anterior, conforme dados da associação de frigoríficos Abrafrigo.
Com isso, os preços da arroba do boi gordo também seguem firmes, o que dá fôlego para que os pecuaristas invistam mais em sanidade do rebanho.
Por outro lado, o recuo nas importações chinesas é justamente o que tem afetado o mercado de carne suína, com efeitos também ao longo da cadeia produtiva.
Segundo o head da Boehringer, o setor de suínos atravessa o momento mais desafiador entre os demais, pois possui menos espaço para resistir aos impactos indiretos da guerra na Ucrânia, que elevou custos de produção em diversas áreas.
"A cadeia de valor é a mesma e não estamos isentos do impacto da guerra e dos insumos... Obviamente, tem muita pressão vinda do incremento das matérias-primas", disse ele sobre o aumento de preços de insumos como farelo de soja e milho, utilizados na ração animal.
"O que sofreu mais devido ao incremento dos insumos é a área de suínos, uma vez que a China não está importando tanto quanto importava antes", acrescentou.
Com maiores despesas na alimentação animal e redução nas exportações da carne, os produtores de suínos veem suas margens mais apertadas, o que implica maiores limitações para ampliar investimentos nos plantéis.
Ainda assim, partindo do princípio que produtos para a saúde animal são necessários para que os pecuaristas mantenham a sanidade dos rebanhos, Andivia disse que a companhia deve apostar em inovações e investimentos que serão anunciados em breve.
A divisão de Saúde Animal da Boehringer Ingelheim registrou vendas líquidas de 4,3 bilhões de euros em âmbito global em 2021, um crescimento de 6,2% em relação ao ano anterior.
"Não por acaso, o crescimento local da divisão (Brasil) em 2021 foi superior ao global, chegando a 12,3%".
(Reportagem de Nayara Figueiredo)