Cecafé aponta queda nos embarques de café do Brasil em fevereiro e cita preocupações inflacionárias

Publicado 13.03.2025, 16:12
Atualizado 13.03.2025, 16:15
© Reuters. Sacas de café em armazém em Santos

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de café verde do Brasil em fevereiro recuaram 11,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, para cerca de 3 milhões de sacas de 60 kg, com a entressafra no Brasil impactando a oferta e reduzindo a competitividade do produto nacional, apontou nesta quinta-feira o conselho de exportadores Cecafé.

As exportações de café da variedade arábica tiveram redução de 2%, para 2,77 milhões de sacas, enquanto os embarques de canéforas (robusta/conilon) recuaram 60% na mesma comparação para 226 mil sacas.

Considerando o café industrializado, incluindo solúvel, os embarques totalizaram 3,27 milhões de sacas, redução de 10,4% ante fevereiro do ano passado.

Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, o Brasil está em período de entressafra, após exportações recordes em 2024, que reduziram a oferta nacional.

Isso deixou os diferenciais de preço dos cafés conilon e robusta do país, contra a bolsa de Londres, menos competitivos frente a outras importantes origens produtoras, como o Vietnã. Além disso, os grãos arábicas nacionais estão mais caros em relação aos diferenciais de países da América Central na bolsa de Nova York, observou o dirigente do Cecafé.

"Esses fatores devem seguir impactando o desempenho das exportações do Brasil, que podem seguir em menores volumes nos meses seguintes", avaliou Ferreira, em nota.

A colheita da nova safra de café do Brasil só começa entre abril e maio, enquanto a oferta de novos grãos beneficiados geralmente não é imediata.

Além disso, ele lembrou que a colheita brasileira terá queda, pressionada pela safra menor de arábica. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou nesta quinta-feira uma redução anual de 7,5%.

"No momento, a certeza para a safra 2025/26 é de um volume bem menor (ante o ciclo 2024/25) para o arábica e maior ao conilon", afirmou.

"Com esse cenário, devemos ficar aquém dos recordes de exportação verificados no ano passado, mas, ainda assim, com uma participação representativa, mantendo o país como o maior produtor e exportador global, sem perdas do nosso histórico market share", avaliou Ferreira.

Após o inverno no Brasil, e caso não ocorram significativas intempéries climáticas, com o eventual retorno das chuvas em bons volumes "gerando boa florada" à safra 2026/27, o Brasil poderia ter uma recuperação da produção nacional. Ele considera que os cafezais estão bem preparados para 2026 devido aos investimentos e bons tratos culturais, que foram possíveis em função dos bons preços obtidos pelos cafeicultores.

A alta nas cotações, de outro lado, propiciou aumento de 58,4% na receita com as exportações do Brasil em janeiro e fevereiro, para US$2,516 bilhões.

PREOCUPAÇÕES INFLACIONÁRIAS

"Os recordes de preços registrados no cenário nacional e internacional estão longe do que já foi repassado pelas indústrias no Brasil e lá fora e mais distante ainda daquilo que os supermercados repassaram aos consumidores", disse Ferreira, indicando preocupações inflacionárias.

"Ainda que vejamos mais retrações nas bolsas, novas altas nos preços ao consumidor não devem ser descartadas, haja vista essa grande defasagem. Esses potenciais aumentos terão impacto direto na inflação das economias nos países consumidores, produtores ou não, e gerarão uma redução no consumo", analisou.

De acordo com Ferreira, o "squeeze" financeiro do setor, com redução de linhas de crédito, que não acompanharam a alta do café commodity em dólar ou em reais, também tem se tornado um "fator de enorme relevância" para a redução do fluxo de comércio.

"Essas alterações bruscas no preço, tanto interna, quanto externamente, têm gerado demandas recordes de recursos em dólares, para a cobertura de margens de variação jamais vistas nos mercados de futuros, o que pode ter impacto negativo nos preços...", afirmou.

 

(Roberto Samora)

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