Cecafé vê recuperação da exportação do Brasil, mas aponta estabilidade em 2017

Publicado 09.06.2017, 15:20
© Reuters. Saca de café em armazém no porto de Santos
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avalia que as exportações do produto brasileiro deverão apresentar recuperação já neste mês, no que seria um primeiro indicador de embarques mais fortes no segundo semestre, disseram dirigentes da associação nesta sexta-feira.

Mas essa recuperação, que tradicionalmente ocorre na segunda metade do ano no maior produtor e exportador global por conta da colheita, não será forte o suficiente para permitir que o país exporte mais do que em 2016. O Cecafé avalia que haverá uma estabilidade em 2017 ante o ano passado, em cerca de 34 milhões de sacas de 60 kg (produto verde e industrializado).

Para ver embarques maiores nos próximos meses, o Cecafé conta com uma colheita no país já em ritmo mais acelerado, após um início lento dos trabalhos em meio a chuvas.

"Aí começa a refletir no setor exportador e o Brasil pode ser mais agressivo, o país é importante no mercado mundial de julho a dezembro", afirmou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, a jornalistas.

No ano-safra 2016/17, de julho a junho, as exportações totais (produto verde e industrializado) deverão cair para 33,2-33,4 milhões de sacas, ante 35 milhões no período anterior, com o país sofrendo impacto de perdas seguidas na safra de café robusta (conilon) e também em função de baixos estoques, ponderou Carvalhaes.

Isso não impedirá, no entanto, que as exportações de café verde arábica do Brasil, que dominam os embarques da nação, tenham o melhor desempenho em cinco anos, somando até 29 milhões de sacas em 2016/17, afirmou o dirigente --diferentemente do café robusta, a safra do arábica foi recorde na temporada passada.

Mas para atingir este desempenho histórico os embarques de arábica em junho deverão ser grandes o suficiente para reverter uma queda de 1,7 por cento acumulada de julho de 2016 a maio ante o mesmo período anterior, para cerca de 27 milhões de sacas, de acordo com dados do Cecafé.

A exportação de café verde do Brasil em maio, informou o Cecafé nesta sexta-feira, somou 2,21 milhões de sacas, ante 2,23 milhões de sacas em maio de 2016. Já a de arábica somou 2,19 milhões de sacas no mês, ante 2,16 milhões sacas no ano anterior. Os embarques de robusta atingiram apenas 19,6 mil sacas no mês passado.

As baixas exportações de café robusta, aliás, limitam o desempenho neste ano. Não fosse a baixa safra desse tipo de café, o Brasil poderia bater o recorde de exportações totais de 2015, quando o país exportou cerca de 37 milhões de sacas, considerando o produto verde e industrializado, disse o dirigente do Cecafé.

As exportações de robusta estavam, antes da seca, em ritmo de 4 milhões de sacas ao ano.

De janeiro a maio, as exportações de café verde do Brasil acumulam queda de 7,8 por cento ante o mesmo período do ano anterior, para 11,4 milhões de sacas.

PRÓXIMO ANO

O presidente do Cecafé evitou falar sobre o tamanho da safra atual, que está sendo colhida, avaliando que ainda não é possível saber se o total colhido ficará acima ou abaixo das expectativas.

Mas disse confiar que a safra do ano que vem, que será a de alta no ciclo bianual do arábica, poderá gerar volumes para o Brasil ser mais agressivo nas exportações da temporada 2018/19.

Aí as exportações brasileiras teriam o que ele chamou de voltar à "velocidade de cruzeiro" para atender à demanda global de forma eficiente.

"A coisa vai começar a mudar, se tudo correr bem, vamos poder ser mais agressivos em todos os mercados", afirmou ele.

Na temporada atual, no entanto, o Brasil perdeu mercado no cenário global, admitiu Carvalhaes.

"Deixamos de exportar por falta de produto, não por falta de competência, o Brasil é muito competente e temos muita credibilidade", disse ele, lembrando que a produtividade média das lavouras estão crescentes em condições normais de clima.

© Reuters. Saca de café em armazém no porto de Santos

Ele disse que o equilíbrio entre produção e consumo de café no país favorece investimentos nas lavouras, o que dá tranquilidade para o produtor.

(Por Roberto Samora)

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