BRASÍLIA (Reuters) - Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e da Argentina, Diana Mondino, discutiram nesta segunda-feira a construção do gasoduto de Vaca Muerta e disseram que há alinhamento de interesses sobre a possibilidade futura de importação de gás natural argentino pelo Brasil.
Segundo Diana Mondino, existe várias questões em relação a essa cooperação que estão em andamento ou em estudos, e serão mantidas, e Vaca Muerta terá uma grande capacidade de produção.
"Tudo isso é interesse mútuo. A produção está na Argentina e a necessidade, no Brasil. A produção alcança a necessidade nossa própria e mais a do Brasil. Então há um alinhamento de interesses", disse a chanceler.
O Brasil avalia opções para importar gás natural da enorme formação argentina de Vaca Muerta enquanto busca aliviar seu déficit do insumo, de acordo com autoridades do governo brasileiro.
Vaca Muerta é uma enorme formação de xisto no oeste da Argentina, considerada chave para aumentar o suprimento de gás do país sul-americano e diminuir a necessidade de importações caras.
As primeiras negociações foram feitas ainda no governo de Alberto Fernández, e o governo brasileiro estudava financiar empresas brasileiras para construção do gasoduto que ligaria a Argentina ao Rio Grande do Sul, mas as conversas ainda eram incipientes.
A mudança de governo, garantiu Mondino, não impede a continuação das negociações.
"São projetos do governo argentino, estão acima de cada governo", disse a chanceler.
A visita de Mondino ao Brasil, a primeira dela no cargo, foi uma tentativa de manter as relações diplomáticas, apesar das diferenças entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei, com o argentino se alinhando ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
"A principal mensagem que quero transmitir é a certeza da centralidade e relevância que o Brasil tem para a Argentina", disse Mondino ao iniciar sua fala no Itamaraty.
A chanceler, no entanto, teve que responder sobre as intenções de Milei, que na última sexta-feira, em encontro com o dono da rede social X, Elon Musk, disse a ele que poderia ajudá-lo na disputa com o governo e o Judiciário brasileiro.
Perguntada sobre como seria essa ajuda, já que era um assunto interno do Brasil, a chanceler afirmou que a Argentina não se intrometeria em assuntos internos de outros países.
"O governo argentino jamais vai interferir no processo democrático ou nos temas internos de cada país. Confiamos na Justiça de cada país. A Argentina defende a liberdade de expressão em todos os sentidos", afirmou.