Brasília, 1 - A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê queda de 0,5% a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária neste ano, ante crescimento de 15,1% em 2023. A estimativa da entidade é preliminar e deve ser revisada após os resultados anuais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 1. "O recuo será muito em virtude da produção menor de grãos, além do impacto do aumento no consumo intermediário, que pressiona os custos de produção", disse o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, ao Estadão/Broadcast. Os grãos representam a maior fatia do desempenho da agropecuária e, portanto, variações na produção afetam o resultado geral do setor. Para o PIB nacional, a CNA projeta, em estimativa preliminar, crescimento de 1,7% neste ano, número que também será revisado posteriormente.
A CNA avalia que o crescimento de 15,1% do PIB da agropecuária no ano passado foi "bom". Segundo os cálculos da confederação, a agropecuária respondeu por 44% do crescimento do PIB Brasil. "Se não fosse o PIB da agropecuária, o Brasil teria crescido apenas 1,6% ante 2,9% do resultado obtido", avaliou Conchon.
O crescimento do PIB do agro deve-se sobretudo à maior produção de soja e milho, com avanço de 27,1% da soja, 22% do milho segunda safra e 16,3% do café arábica. "O resultado foi bastante positivo, sobretudo pelo aumento da produtividade", apontou. Entre as contribuições negativas, a CNA destacou a queda de 22,8% do trigo e 7,4% da laranja, acompanhando as menores safras.
Participação
Com o desempenho do PIB Agro muito acima do crescimento nacional, a agropecuária aumentou sua participação no resultado do País de 6,8% em 2022 para 7,2% no último ano. "A alta na participação deve-se porque o agro cresceu muito mais que outros setores, enquanto outros setores perderam participação e até deixaram de crescer, como a indústria da transformação", avaliou Conchon.
Neste ano, com a previsão de queda do PIB agro diante do avanço do PIB nacional, o setor deve diminuir sua participação no Produto Interno Bruto do País. A estimativa preliminar da confederação é de que a participação do setor volte ao patamar histórico entre 6,5% e 7%. "Imaginamos que neste ano o PIB Brasil deve crescer em porcentual maior que o PIB agro. Portanto, o aumento da participação de 2023 deverá ser devolvido em 2024", comentou Conchon. Ele avalia que o desempenho do PIB nacional deve ser puxado preliminarmente pela indústria ligada à cadeia do petróleo.