Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Paraná na nova temporada 2024/25 foi prevista nesta quinta-feira em 22,33 milhões de toneladas, salto de 20% na comparação com a produção de 18,56 milhões de toneladas na temporada anterior, de acordo com a primeira estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral).
O órgão da Secretaria de Agricultura do Paraná estimou uma área plantada praticamente estável na comparação com a safra anterior, em 5,8 milhões de hectares. O plantio da nova temporada deve começar em setembro, a depender da chegada das primeiras chuvas.
A colheita da safra passada no Estado, um dos maiores produtores do país, ficou abaixo do potencial por conta da seca. O Deral estima um aumento da produtividade média para 3.847 quilos de soja por hectare em 2024/25, contra 3.208 no ciclo passado.
"A soja é o principal item da agricultura paranaense e, em geral, tem ótimo retorno ao longo do tempo", disse o Deral, em relatório.
Se o número do Deral se confirmar, dependendo das condições climáticas nos próximos meses, o Estado ficaria perto de um recorde de 22,39 milhões de toneladas obtido na safra 2022/23.
Em meio a preços mais baixos dos grãos, produtores optaram por reduzir em 9,6% a área plantada com milho primeira safra, plantado na mesma época da soja, para 267,7 mil hectares.
A safra foi estimada em 2,7 milhões de toneladas, ante 2,5 milhões no ciclo passado, com o crescimento também justificado por expectativa de maior produtividade.
O Deral lembrou que no passado, antes de a segunda safra de milho se tornar a principal do cereal do Estado, o Paraná plantava maiores volumes na primeira safra.
"A safra de milho de verão é hoje uma safra de nicho, e os produtores de milho na primeira safra são, em geral, especializados e com altas produtividades. Por exemplo, em 2010 o Paraná plantou aproximadamente 900 mil hectares de milho na primeira safra", afirmou.
"Essencialmente esta redução (em relação à área atual) está ligada à migração para soja, produto que tem uma maior liquidez e potencialmente maior lucratividade quando comparado ao milho", acrescentou.
O Deral ainda não tem uma estimativa da segunda safra de 2024/25, uma vez que ela só será plantada no início do ano que vem, após a colheita da soja.
REDUÇÃO NO TRIGO
Já a estimativa de safra de trigo do Paraná que está nos campos, com colheita já iniciada, aponta para 3,1 milhões de toneladas, uma redução de 14% ao obtido em 2023 e de 17% em relação ao potencial (3,8 milhões).
"A seca tem sido o maior problema no norte do Paraná, onde se concentram as lavouras colhidas até o momento. A produtividade média obtida nos pouco mais de 70 mil hectares já colhidos no Estado é menor que 2.000 kg/ha e muitas lavouras ainda devem ser colhidas em situação semelhante nas próximas semanas, visto que mais de um quarto das lavouras restantes está em situação ruim", disse o Deral.
Até julho, o Deral estimava a safra do Paraná em 3,6 milhões de toneladas. Essa redução também inclui o impacto das geadas.
"Apesar da seca ser o principal problema, as geadas também impactaram o número, mas estes danos ainda geram maior dúvida quanto a sua extensão, especialmente os do início desta semana quando a geada foi concomitante ao levantamento de safra", disse o relatório.
Na atualização da estimativa de setembro, os números serão mais precisos, dada a evolução da colheita nas áreas afetadas, acrescentou o departamento do Estado, um dos principais produtores de trigo do Brasil.
(Por Roberto Samora)