Distribuidores de aço plano do Brasil esperam nova queda de vendas em 2016

Publicado 19.01.2016, 14:00
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SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de aços planos por distribuidores do Brasil, setor responsável por cerca de 30 por cento do consumo da liga produzida no país, devem ter nova queda este ano, após recuo de 20 por cento no ano passado, informou nesta terça-feira a entidade que representa o setor, Inda.

A perspectiva é de recuo de 5 por cento, mas o presidente do Inda, Carlos Loureiro, alertou em entrevista a jornalistas que a estimativa é baseada em um cenário otimista, com início de recuperação a partir do segundo semestre.

"O ano de 2015 foi o pior em vendas desde 2006 (...) Este número de queda de 5 por cento está em cima da expectativa de capacidade de exportação da indústria de transformação de aço do país", afirmou.

O Inda esperava inicialmente para 2015 crescimento de vendas de 5 por cento, mas ao longo do ano a deterioração da economia surpreendeu. As vendas terminaram o ano somando 3,168 milhões de toneladas, recuando em todos os segmentos importantes, como chapas grossas (-35,1 por cento), laminados a quente (-18,9 por cento) e laminados a frio (-24,4 por cento).

Em dezembro apenas, as vendas recuaram 22,6 por cento sobre o mesmo período de 2014 e 25,7 por cento sobre novembro, para 189,2 mil toneladas. Foi o menor nível para o mês desde 2008, segundo os dados do Inda.

Com isso, os estoques do setor fecharam dezembro em 921,7 mil toneladas, equivalentes a 4,9 meses de vendas, sendo que o ideal seriam 2,5 meses.

Mesmo com empresas como Usiminas (SA:USIM5) e CSN (SA:CSNA3) se preparando para paradas de alto-fornos, Loureiro acredita que a oferta de aço no país não cairá significativamente para motivar aumento de preços da liga no mercado interno. "O que vai haver não é redução de oferta, porque as usinas já estavam produzindo menos. Vai ter redução de capacidade ociosa", disse.

Segundo ele, o aço plano vendido no Brasil está mais barato que nos Estados Unidos e na Europa, mas a competição por mercado entre as usinas instaladas no Brasil tem dificultado reajustes mais amplos, com apenas a Usiminas aumentando preço da chapa grossa entre dezembro e este mês em 4,5 por cento e pretendendo fazer outro reajuste entre 3,5 e 4 por cento em fevereiro.

Na avaliação de Loureiro, "um reajuste de preços de planos de 10 por cento seria factível, mas as usinas não estão conseguindo por causa da disputa entre elas".

Ele afirmou ainda que é possível que os preços do aço vendido pelas usinas às montadoras de veículos, responsáveis por 35 por cento do consumo da liga no Brasil, não sofram aumentos ao longo do primeiro semestre.

"A gente espera que o segundo semestre não seja tão ruim por conta da reação de vendas externas de nossos clientes em áreas como automóveis, máquinas agrícolas e equipamentos", disse ele.

Após sinalização do governo federal contrária ao aumento de imposto de importação de aço, pleito defendido por siderúrgicas, a Inda divulgou dados que mostram forte queda nas compras de material importado no fim do ano passado, pressionada pelo câmbio e falta de crédito para importadores.

Segundo analistas do BTG Pactual (SA:BBTG11), a sinalização na véspera do ministro da Fazenda Nelson Barbosa de que o imposto de importação não será elevado "elimina assim a única maneira de restaurar o poder de preço (das usinas) no curto prazo (...) A situação continua bem complicada com vendas e compras caindo."

Em dezembro, as importações de chapas grossas caíram 84,5 por cento sobre um ano antes, a 2,9 mil toneladas. As de laminados a quente tombaram 61 por cento, a 4,9 mil toneladas, enquanto as de laminados a frio recuaram 49,3 por cento, a 11,7 mil toneladas. O mesmo ocorreu com aços zincados, cujas compras externas despencaram 52 por cento em dezembro ano a ano.

"Hoje está absolutamente impossível importar (...) Todos os grandes importadores estão se virando para o mercado interno, enquanto o crédito está muito ruim, praticamente zero", disse Loureiro. Com isso, a penetração das importações no consumo aparente de aços do Brasil caiu a 7,7 por cento em dezembro, ante 13,6 por cento no final de 2014.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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