PARIS (Reuters) - A estatal francesa de energia EDF (PA:EDF) precisa mostrar que uma nova geração de reatores nucleares funcionaria bem, o que não é o caso neste momento, disse o novo ministro de Meio Ambiente da França, Francois de Rugy, em comentários publicados nesta segunda-feira.
De Rugy sinalizou que qualquer decisão sobre a construção ou não de mais usinas nucleares com uso de uma tecnologia conhecida como reator pressurizado europeu (EPR, na sigla em inglês) deverá se basear em fatores econômicos.
O governo francês deve apresentar no final de outubro um plano para reduzir a fatia da energia nuclear em sua produção de eletricidade para 50 por cento, ante 75 por cento atualmente, o maior nível em todo o mundo.
Até o momento, o país já disse que pode levar uma década a mais para chegar ao objetivo do que na previsão inicial, estimada para 2025.
A possibilidade de construção de novos reatores nucleares surgiu como um assunto sensível para o presidente Emmanuel Macro, após uma renúncia abrupta do ministro de Meio Ambiente Nicolas Hulot, amplamente visto como um impedimento à busca da indústria nuclear por se manter como principal fonte de energia na França.
De Rugy, um ex-congressista do partido Verde, disse ao jornal Le Monde que sente que a geração nuclear não é uma fonte de energia para o futuro, mas que não há uma "guerra religiosa" sobre o tema no governo.
"O importante é saber os dados econômicos tanto para as nucleares quanto para as energias renováveis", afirmou ele.
A construção da primeira usina na França a utilizar um reator EPR tem enfrentado um sobrecusto de bilhões de euros e anos de atraso.
Questionado sobre se a EDF deveria construir uma nova usina como esse após completar a atual unidade na Normandia, De Rugy disse que a estatal "deve demonstrar que o EPR funciona, o que ainda não é o caso".
"Ninguém é capaz de garantir uma data para a conexão (da usina nuclear em construção) ao sistema. Ela também precisa demonstrar que o EPR é competitivo em termos de custos", adicionou.