Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) - O padrão climático El Niño, que grande parte dos metereologistas espera que se desenvolva globalmente na segunda metade do ano, representa um risco maior para a produção de café robusta do que para a variedade arábica, disseram analistas e especialistas em clima.
O fenômeno climático, que altera os padrões de chuva e temperatura, pode restringir ainda mais a oferta e elevar os preços do robusta, que tem um teor de cafeína mais alto que o arábica e é amplamente utilizado para fazer café instantâneo.
Os dois maiores países produtores de robusta do mundo, Vietnã e Brasil, podem sofrer perdas de rendimento se um forte El Niño se desenvolver, disseram analistas e especialistas em clima.
Os preços dos robustas subiram esta semana para um pico de 15 anos devido à oferta apertada e às preocupações com a produção futura devido ao El Niño.
O analista de café Fernando Maximiliano, da corretora StoneX, disse que houve uma queda de quase 40% na produção de café robusta no Brasil na última vez que um forte El Niño se desenvolveu e causou seca no Espírito Santo entre 2015 e 2016.
Maximiliano disse que hoje a área está melhor preparada com investimentos em reservatórios e sistemas de irrigação, mas o potencial da cultura vai depender da intensidade da seca esperada em razão do El Niño.
O Centro Nacional de Previsão Hidrometeorológica do Vietnã prevê uma chance de 70% a 80% de El Niño se desenvolver em meados de 2023 e se estender até 2024. A instituição espera temperaturas recordes no país durante esse período.
Para o café arábica --a variedade mais suave preferida por cafeterias sofisticadas-- os riscos parecem menores. Produtores da América Central e do Sul que sofreram com o excesso de chuvas durante os últimos três anos de La Niña estão com clima mais normal.
No Brasil, maior produtor mundial de arábica, o El Niño pode reduzir as chances de geadas, disse Natalia Gandolphi, analista de café da corretora HedgePoint Global Markets.
Ela disse, no entanto, que a safra pode ser prejudicada se as temperaturas permanecerem muito altas durante a fase de floração da safra 2024/25, por volta de setembro, fazendo com que as árvores percam muitas flores.
(Reportagem de Marcelo Teixeira)