EUA perdem vendas de soja para China, enquanto Brasil ocupa período-chave de abastecimento

Publicado 13.08.2025, 08:35
Atualizado 13.08.2025, 08:41
© Reuters. Cargas de soja em porto

Por Naveen Thukral e Ella Cao

CINGAPURA/PEQUIM (Reuters) - Os exportadores de soja dos Estados Unidos correm o risco de perder bilhões de dólares em vendas para a China este ano, à medida que as negociações comerciais se arrastam e os compradores do principal importador de oleaginosas fecham cargas do Brasil para embarque durante a principal temporada de comercialização dos Estados Unidos, de acordo com traders.

Importadores chineses terminaram de reservar as cargas de soja para setembro, levando cerca de 8 milhões de toneladas, todas da América do Sul, disseram três traders à Reuters.

Para outubro, compradores chineses garantiram cerca de 4 milhões de toneladas -- metade de sua necessidade esperada -- também da América do Sul, disseram os traders.

"As fortes compras de soja da China no terceiro trimestre sugerem que o setor acumulou estoques antes dos possíveis riscos de fornecimento no quarto trimestre", disse Wang Wenshen, analista da Sublime China Information.

No ano passado, os importadores chineses de sementes oleaginosas compraram cerca de 7 milhões de toneladas dos EUA para embarques durante os dois meses.

O risco de uma ausência prolongada de compras chinesas para o ano-safra dos EUA a partir de setembro, em meio a tensões comerciais não resolvidas, poderia aumentar a pressão sobre os futuros de Chicago, negociados próximos das mínimas de cinco anos, disseram os traders.

Normalmente, a maioria das compras chinesas de soja dos EUA é enviada entre setembro e janeiro, antes que os suprimentos brasileiros assumam o controle após a colheita da América do Sul.

A expectativa é de que os compradores chineses concluam as reservas de outubro deste ano até o início do próximo mês, disse um trader de uma empresa internacional em Cingapura.

A China vem reduzindo sua dependência dos produtos agrícolas dos EUA desde a guerra comercial durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump.

No ano passado, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja. Desse total, 22,13 milhões de toneladas vieram dos EUA, no valor de US$12 bilhões.

TENSÕES COMERCIAIS PREJUDICAM AS PERSPECTIVAS

No domingo, Trump pediu à China que quadruplicasse suas compras de soja antes do prazo final da trégua tarifária, uma meta que analistas disseram ser inviável, pois exigiria que a China comprasse quase exclusivamente dos EUA.

No dia seguinte, os dois lados estenderam a trégua tarifária por 90 dias.

No entanto, três traders disseram à Reuters que a prorrogação, por si só, não deve estimular as compras, já que a tarifa de Pequim sobre as importações de soja dos EUA permanece em 23% -- tornando-as não competitivas.

A China poderia voltar a comprar soja dos EUA se chegasse a um acordo para reduzir as tarifas.

"Um cenário possível é que, se ambos os lados chegarem a um acordo em novembro, a China poderá voltar a comprar soja dos EUA, potencialmente estendendo a janela de exportação dos EUA e pressionando as vendas de novas safras do Brasil", disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, sediada em Pequim.

Excluindo as tarifas, a soja dos EUA para embarque em outubro está cerca de US$40 por tonelada mais barata do que as cargas brasileiras que estão sendo compradas pela China, segundo dois traders.

A China tem soja em abundância depois de intensificar as importações, com as compras atingindo níveis recordes nos últimos meses.

(Reportagem de Naveen Thukral, em Cingapura, e Ella Cao, em Pequim)

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