Exportação de café do Brasil recua em julho; indústrias dos EUA pedem adiamento de embarques

Publicado 12.08.2025, 17:46
Atualizado 12.08.2025, 19:46
© Reuters. Café

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil recuou 28,1% em julho ante o mesmo mês do ano passado, para 2,45 milhões de sacas de 60 kg, à medida que o setor lidava com estoques reduzidos, antes de tarifas de importação de 50% dos Estados Unidos começarem a valer em agosto, apontou nesta terça-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, embarcou 1,98 milhão de sacas de grãos arábica no mês passado, uma queda de 20,6% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações de cafés canéforas (robusta/conilon) caíram quase 49%, para cerca de 461 mil sacas, mostraram os dados do Cecafé, que acrescentou que empresas dos EUA estão pedindo a postergação de embarques do Brasil enquanto esperam uma solução para as tarifas.

Considerando o produto industrializado, o país embarcou 2,733 milhões de sacas de 60 kg em julho, primeiro mês do ano safra 2025/26, queda de 27,6% na comparação com o mesmo período de 2024, segundo o conselho. Já a receita cambial foi recorde para meses de julho, com o ingresso de US$1,033 bilhão, crescimento de 10,4% no comparativo anual, afirmou o Cecafé.

O conselho de exportadores destacou ainda que não houve impactos do tarifaço de 50% do governo dos EUA contra o Brasil nas exportações de julho, até porque as tarifas passaram a vigorar em 6 de agosto -- o café carregado no Brasil até a data pode entrar nos EUA sem pagar a taxa desde que chegue até 6 de outubro.

Neste contexto, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, disse que as indústrias norte-americanas estão em compasso de espera e buscam soluções para a questão tarifária, que impacta o principal consumidor global de café, os EUA, e também o maior fornecedor, o Brasil.

Ele disse que o setor de café dos EUA tem estoque para 30 a 60 dias, "o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento".

Mesmo assim, ressaltou Ferreira, os exportadores brasileiros vêm recebendo pedidos de adiamento de embarques, enquanto os importadores visam evitar as tarifas, em caso de uma negociação bem-sucedida.

"O que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor", afirmou ele, em nota.

Ele explicou que esse problema acontece porque adiantamentos sobre contrato de câmbio (ACC) -- instrumento geralmente fechado quando o exportador realiza o negócio -- determinam um tempo para o cumprimento do compromisso de exportação.

"Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas, e custos adicionais, com overhead, por exemplo", declarou.

Em um email à Reuters, a Associação Nacional do Café dos EUA afirmou que não tinha informações sobre o assunto.

O Cecafé afirmou ainda que continua o trabalho para alcançar, junto ao governo brasileiro e aos pares do setor privado norte-americano, o entendimento para que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço, uma vez que o produto não é cultivado em escala nos EUA.

O setor também vem mantendo diálogos com os governos federal e dos Estados produtores a respeito da necessidade de implantações de medidas "temporariamente compensatórias", enquanto vigoram as tarifas, disse o Cecafé.

ACUMULADO DO ANO

Os Estados Unidos seguem como o maior comprador dos cafés do Brasil no acumulado do ano até julho, com a importação de 3,713 milhões de sacas, o que corresponde a 16,8% dos embarques totais.

Apesar de esse volume representar declínio de 17,9% na comparação com o período de janeiro a julho de 2024, ele fica acima dos 16% de representatividade aferidos no mesmo intervalo do ano passado, disse o Cecafé.

Para todos os destinos, a exportação de café do Brasil no acumulado do ano recuou 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado para 22,150 milhões de sacas. O país exportou um volume recorde em 2024.

A receita cambial no acumulado dos primeiros sete meses do ano, por sua vez, cresceu 36% ante o obtido entre janeiro e o fim de julho de 2024, alcançando o recorde para o período de US$8,555 bilhões, graças a preços mais altos.

(Por Roberto Samora com reportagem adicional de Marcelo Teixeira)

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