SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil somou 4,11 milhões de sacas de 60 kg em setembro, aumento de 33,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado, com a chegada da nova safra de 2024 aos portos exportadores e valores mais altos nas vendas externas, informou nesta quarta-feira o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).
Os embarques de grãos arábica e canéforas (robusta e conilon) cresceram 31,9% e 40,9%, respectivamente.
As exportações de canéforas marcaram um novo recorde para o mês somando 911,9 mil sacas, enquanto as de arábica somaram 3,19 milhões de sacas.
Além da chegada da safra 2024 ao mercado exportador, o setor cafeeiro ainda escoa a boa safra de 2023, afirmou o Cecafé.
Os grandes embarques estão sendo possíveis apesar de gargalos logísticos, os quais os Cecafé têm citado em seus relatórios mensais com frequência.
Esses problemas se intensificaram no segundo semestre, com falta de estrutura e espaço nos portos brasileiros e com uma maior demanda por contêineres para embarques, principalmente de café, açúcar e algodão, disse a entidade.
"Infelizmente, não tivemos alteração no cenário logístico e seguimos nos deparando com grandes e constantes atrasos de navios para exportação, abertura de gates com tempo limitado, pátios de portos abarrotados e cargas que chegam do campo e não conseguem ser despachadas, gerando elevados custos extras aos exportadores", afirmou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, em nota.
Considerando o produto industrializado, o Brasil exportou 4,46 milhões de sacas de 60 kg de café em setembro de 2024, volume recorde para o mês, avanço de 33,3%.
A receita com a exportação total de setembro somou 1,194 bilhão de dólares, avanço 84,5% no mesmo intervalo comparativo e também é a maior da história para os meses de setembro, com impulso de preços mais altos.
ALTERNATIVAS
O presidente do Cecafé disse que as empresas vêm buscando alternativas para manter o fluxo dos cafés brasileiros ao exterior, diante dos problemas logísticos, citando, como exemplo, dois embarques via "break bulk" realizados em setembro.
"Nessa modalidade, utilizam-se big bags para armazenamento do café dentro dos navios, prática que era comumente vista na década de 60 e que, mais recentemente, foi observada em 2022, em função da pandemia, como alternativa para a baixa disponibilidade ou mesmo a falta de contêineres no mercado mundial", afirmou.
Por conta dos problemas logísticos, acrescentou, o setor deixou de embarcar neste ano aproximadamente 2 milhões de sacas de café, que estão acumuladas nos portos, "ampliando os prejuízos das empresas exportadoras".
No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou um recorde de 36,428 milhões de sacas, alta de 38,7% em relação aos 26,264 milhões registrados nos nove primeiros meses de 2023, segundo o Cecafé. As exportações somaram 8,451 bilhões de dólares no período, avanço de 51,9%.
(Por Roberto Samora)