SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil somou mais de 4 milhões de sacas de 60 kg em maio, novo recorde para o mês e alta de 90% ante o mesmo período do ano passado, com um impulso dos grãos canéforas, mas também com forte crescimento dos embarques de arábicas, informou nesta terça-feira o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).
Já as exportações totais, que incluem o café solúvel e industrializado, saltaram 79,6% em relação a maio do ano passado, para cerca de 4,4 milhões de sacas, ficando próximas do maior volume para qualquer mês, de novembro de 2020, quando o Brasil exportou 4,7 milhões de sacas, segundo dados do Cecafé.
"A performance histórica dos conilons e robustas (canéforas) brasileiros em março e abril voltou a ser observada em maio e possibilitou a quebra do recorde nas exportações dos cafés verdes, tudo isso em pleno auge da entressafra brasileira", afirmou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, em nota.
As exportações de café verde arábica somaram 3,16 milhões de sacas, alta de 59%, enquanto as de robusta avançaram 559%, para 868,27 mil sacas.
Segundo Ferreira, investimentos em pesquisa e tecnologia permitem que o setor tenha oferta suficiente para atender à crescente demanda global, especialmente em momento de escassez de grãos canéforas no mercado global, diante da menor oferta no Vietnã e Indonésia.
"As incertezas sobre as colheitas de importantes produtores mundiais e a consequente restrição de oferta, como de Vietnã e Indonésia, abrem portas para que nossos cafés, em especial os canéforas, ampliem seu market share e consolidem o país como o principal player global, com oferta de qualidade em quantidade", destacou.
Os grandes volumes exportados resultaram, em maio, na maior receita cambial já registrada em qualquer mês da história pelas vendas externas de café, com 1,017 bilhão de dólares. O desempenho representa crescimento de 85,9% ante o mesmo mês do ano passado.
Com a performance no acumulado da safra 2023/24 até maio, o Brasil chega a exportações de 43,707 milhões de sacas e caminha para a quebra do recorde das exportações neste ciclo, uma vez que os embarques atuais se encontram 2 milhões de sacas abaixo do maior volume histórico até então, obtido na temporada 2020/21, quando o país comercializou 45,7 milhões de sacas.
"Esse novo volume máximo é bem plausível de ser alcançado, já que, desde outubro do ano passado, temos embarcado uma média superior a 4 milhões de sacas ao mês", ressaltou o presidente do Cecafé.
Reportagem da Reuters havia sinalizado anteriormente que o Brasil quebraria este recorde no ano safra.
No acumulado de janeiro ao final de maio de 2024, as exportações brasileiras de café totalizam 20,69 milhões de sacas, montante também recorde para o período e que representa crescimento de 52,1%.
Os dez principais compradores dos cafés do Brasil elevaram suas aquisições nos primeiros cinco meses deste ano. Os Estados Unidos lideram o ranking com 3,471 milhões de sacas, ou 37,6% a mais, o que equivale a 16,8% das exportações totais.
A Alemanha, com representatividade de 14,3%, adquiriu 2,96 milhões de sacas (+75,1%) e ocupa o segundo lugar. Na sequência, vêm Bélgica, com a compra de 2,11 milhões de sacas (+232,2%); Itália, com 1,67 milhão de sacas (+50,3%); e Japão, com 979.869 sacas (+18,1%).
(Por Roberto Samora)