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Exportação de soja do Brasil tem recordes com tensão EUA-China e seca na Argentina

Publicado 03.05.2018, 12:59
© Reuters. Lavoura de soja em São Desidério, no Estado da Bahia
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil no mês passado somaram um volume recorde de 11,6 milhões de toneladas, cerca de 1 milhão de toneladas acima do total registrado em março deste ano e em abril de 2017, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), com os embarques do país sendo beneficiados pela disputa comercial entre Estados Unidos e China, a seca na Argentina e um dólar mais forte.

"É evidente que, com o dólar na altura que está, o produtor libera mais produto para exportação. E em termos de mercado é evidente que a situação dos Estados Unidos com a China e a seca da Argentina estão ajudando", afirmou à Reuters o diretor-geral da associação do setor, Sérgio Mendes.

O volume embarcado em abril pelo país, o principal exportador global de soja, é o maior já registrado em um único mês em toda a história, superando a marca vista pela Anec no mesmo período do ano passado, de 10,5 milhões de toneladas, de acordo com informação divulgada nesta quinta-feira pela associação.

Os dados da Anec sobre exportações de soja do Brasil diferem dos divulgados na véspera pelo governo, que apontou 10,26 milhões de toneladas para o mês de abril. Isso acontece, segundo a associação, porque seus números representam os embarques efetivos, enquanto as informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) dependem de alguns documentos para serem atualizadas.

No acumulado do ano até abril, as exportações de soja do país somaram 29,2 milhões de toneladas, alta de 5,4 por cento ante as 27,7 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Anec.

A Secex aponta exportação de 23,5 milhões de toneladas no primeiro quadrimestre, praticamente estável ante igual intervalo de 2017, segundo os dados do governo.[nL1N1S920M]

O volume exportado de soja no quadrimestre é o maior já registrado pelo Brasil nos primeiros quatro meses do ano, segundo a associação.

Os dados da Anec ajudam a explicar melhor uma série de fatores que beneficiam neste ano as vendas brasileiras do principal produto da pauta de exportação do Brasil. O complexo soja deve gerar 36 bilhões de dólares em divisas para o Brasil em 2018, incluindo o grão, farelo e óleo de soja --somente a soja deverá gerar quase 29 bilhões de dólares.

Além da safra recorde, o Brasil tem se beneficiado de uma menor produção na Argentina, que sofreu os efeitos de uma severa seca, e também das menores vendas dos EUA para a China, diante de uma ameaça de tarifa chinesa à soja norte-americana.

Diante da incerteza, comerciantes estão evitando negociar com o produto dos EUA.

Na quarta-feira, o presidente-executivo da gigante do agronegócio Bunge, Soren Schroder, disse em entrevista que as vendas de soja dos EUA aos chineses estão paralisadas, e que toda a negociação com o maior importador global está sendo feita com origens não norte-americanas, principalmente a brasileira.

"Tudo isso acaba ajudando. A exportação do Brasil no ano pode ficar acima da estimativa, é muito provável que pelas condições de mercado a gente ultrapasse 72 milhões de toneladas", disse Mendes, citando o que seria um novo recorde anual.

Uma exportação de 72 milhões de toneladas superaria em aproximadamente 5 milhões de toneladas o recorde de exportação do Brasil registrado em 2017, segundo a Anec.

Mais recentemente, o dólar se fortaleceu ainda mais e está operando perto do maior nível em quase dois anos, a 3,55 reais. Um real mais fraco permite negócios mais vantajosos pelos produtores.

Para o mês de maio, 8,1 milhões de toneladas de soja já estão programadas para serem embarcadas em todos os portos brasileiros, segundo a Anec.

As grandes exportações acontecem após uma colheita recorde no Brasil. O governo brasileiro prevê cerca e 115 milhões de toneladas, enquanto algumas consultorias privadas apostam em uma produção de cerca de 119 milhões de toneladas.

PORTOS

De janeiro a abril, os portos tradicionais localizados no Sul/Sudeste do país concentram aproximadamente 75 por cento de todo o volume de soja exportado pelo Brasil, com destaque para os portos de Santos e Paranaguá que embarcaram 10,6 milhões e 4,8 milhões de toneladas, respectivamente.

© Reuters. Lavoura de soja em São Desidério, no Estado da Bahia

Já com relação aos portos do Norte e Nordeste do país, o papel de destaque fica por conta do desempenho do porto de Barcarena, por onde foram embarcadas 2,1 milhões de toneladas de soja entre janeiro e abril deste ano, o que representa 7 por cento de todo o volume exportado pelo país e um crescimento de 21 por cento com relação ao desempenho no mesmo período do ano passado.

(Por Roberto Samora)

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