Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os preços do gás natural na Europa registravam queda nesta segunda-feira, com os participantes se preparando para uma possível interrupção completa dos fluxos do produto para a Alemanha, maior mercado europeu de gás.
O gasoduto Nord Stream 1 iniciou um período de manutenção programada na segunda-feira, o que significa que neste momento não está fluindo praticamente nenhum gás da Rússia para o maior mercado europeu. Embora seja considerado um procedimento rotineiro, ele ocorre depois que o governo alemão chamou de politizada uma decisão da Rússia de cortar em 60% o abastecimento no mês passado, gerando temores de que a Gazprom (MCX:GAZP) se recusasse a voltar a operar o gasoduto após o fim do período, aprofundando a crise energética da Europa.
Às 8h15 (horário de Brasília), o contrato futuro do gás natural TTF holandês para agosto, que serve de referência para o noroeste da Europa, estava a 170,250 euros por megawatt-hora, uma queda de 2,83% no dia, mas ainda assim estava seis vezes acima da média do primeiro semestre do ano passado, antes de a Rússia iniciar os preparativos para a invasão concreta da Ucrânia.
O preços voltaram para as máximas recordes nas últimas duas semanas, já que a redução dos fluxos de gás natural da Rússia impossibilitou que os compradores europeus continuassem preenchendo suas instalações de armazenamento para a próxima temporada de inverno. No sábado, de acordo com dados da Gas Infrastructure Europe, o estoque no continente era de 61,6% da capacidade, nível mais baixo para um início de julho em três anos. A UE disse que precisa de pelo menos 90% de estoque preenchido no início de outubro, a fim de evitar qualquer escassez durante o inverno.
Houve certo alívio do estresse vivido pelo sistema energético da Europa no fim de semana, após o governo canadense permitir que um equipamento de compressão usado no gasoduto Nord Stream retornasse à Rússia após uma manutenção realizada em uma oficina do país. A Gazprom citou a não devolução dessa equipamento como a razão para o corte de 60% no fornecimento da Alemanha no mês passado, explicação que foi rechaçada pelo governo alemão.
“A decisão política de exportação é o primeiro passo necessário e importante para a entrega da turbina”, disse a Siemens Energy (ETR:ENR1n) em um comunicado. “Atualmente, nossos especialistas estão trabalhando intensivamente em todas as aprovações formais e logísticas” para fazê-lo voltar a operar o mais rápido possível.
Independente dos detalhes técnicos, vários políticos europeus temem que a Rússia não volte a operar o Nord Stream 1 após sua manutenção. O gasoduto é responsável por transportar o gás do extremo norte da Rússia para a Alemanha sob o Mar Báltico. O ministro das finanças da França, Bruno Le Maire, alertou, no fim de semana, que o corte total do fornecimento “é a opção mais provável”.
Le Maire ressaltou que a França, assim como a Alemanha, precisa se preparar para racionar gás para clientes industriais.
“É necessário analisar de forma bastante específica cada empresa, cada área de emprego”, disse Le Maire ao Rencontres Economiques nos bastidores de uma conferência de negócios. “[Precisamos determinar] quais são as empresas que devem reduzir seu consumo de energia e quais não podem fazê-lo”.
Ele citou a fabricante de vidros Saint Gobain SA (EPA:SGOB) como exemplo de empresa que precisaria de acesso privilegiado ao fornecimento. As ações da Saint Gobain registravam queda de 1,7% no início das negociações desta segunda-feira, depois de já terem perdido quase um terço do seu valor neste ano em razão dos temores que rondam o mercado.