Por Geoffrey Smith
Investing.com - Os preços do ouro recuaram em relação às máximas anteriores de terça-feira (14) para se estabilizar com pouca diferença contra o fechamento de segunda-feira, depois que uma forte abertura em Wall Street impôs pelo menos uma pausa temporária nas entradas em portos-seguro.
Às 14h30 (horário de Brasília), o ouro futuros para entrega na Comex subia 0,5%, a US$ 1.770 por onça troy, tendo atingido anteriormente uma alta intradia de US$ 1.788,75, a maior desde outubro de 2012.
Um dólar mais fraco ajudou o sentimento do mercado, com o índice dólar caindo abaixo de 99 pela primeira vez desde o final de março.
O ouro spot subia 1,4%, para US$ 1.737,69 por onça, enquanto a prata futuros subia 4%, para US$ 16,15 - máxima de um mês - e a platina futuros subia 9%, para US$ 817 por onça.
Os argumentos por trás do recente rali do ouro - colapso do crescimento e a perspectiva de colapso dos retornos dos seguros títulos públicos - receberam novas munições nesta terça-feira, após o Fundo Monetário Internacional prever a pior recessão do mundo desde a década de 1930. Atualizando seu Panorama Econômico Mundial, o FMI disse que o PIB mundial até o final do próximo ano - mesmo após uma recuperação vigorosa - poderá estar 5% abaixo da previsão anterior ao Covid-19.
O colapso da atividade econômica está ameaçando explodir os déficits do governo que, para muitos, serão possíveis de financiar apenas através de extensa repressão financeira. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária do Reino Unido disse na terça-feira que espera que o déficit no Reino Unido aumente para 14% do PIB este ano, já que o PIB contrai 35% antes de se recuperar.
O ouro também foi apoiado pela inquietação contínua na Europa com o fracasso da zona do euro em apoiar alguns de seus membros mais endividados. Uma reunião de ministros das Finanças que terminou na noite de quinta-feira finalmente chegou em um pacote de apoio de três pilares no valor de 500 bilhões de euros (US$ 548 bilhões), mas não concordou com a emissão de dívida conjunta, como esperado por países como Itália e Espanha. O FMI prevê uma queda de 9,1% no PIB italiano este ano, seguido por uma recuperação de apenas 4,8% no próximo ano.
O uso de empréstimos de condicionalidade leve do fundo de resgate da região, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, foi limitado a 2% do PIB, o que contrasta fortemente com, por exemplo, a avaliação do OBR do Reino Unido das necessidades de empréstimos do país. O spread de rendimento entre a dívida italiana e alemã de 10 anos aumentou para 219 pontos-base, o máximo em quase um mês.