Guerra comercial mina confiança nos EUA e traz oportunidades ao Brasil, diz Agroconsult

Publicado 06.05.2025, 16:57
Atualizado 06.05.2025, 17:01
© Reuters. Colheita de milho perto de Brasílian24/08/2023nREUTERS/Adriano Machado

SÃO PAULO (Reuters) - Os benefícios que a guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos trazem para o agronegócio do Brasil são "pequenos" no curto prazo perto das oportunidades que podem vir em um horizonte mais longo, avaliou nesta terça-feira o presidente da Agroconsult, André Pessôa, durante evento em São Paulo.

"O que é mais importante é a oportunidade no médio e longo prazos, porque é inequívoco que a confiança nos americanos está abalada...", disse Pessôa, na conferência Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Os Estados Unidos, assim como o Brasil, são grandes produtores e exportadores de produtos agropecuários, mas chineses e europeus, entre outros, podem ver riscos maiores de lidar com os EUA, após as ações do presidente Donald Trump relacionadas a tarifas.

Para o especialista, os países estão revendo suas estratégias para garantir oferta de alimentos.

"E isso abre para gente uma perspectiva de acelerar movimentos de acordos comerciais que estavam parados, um exemplo é o do Mercosul", disse Pessôa, citando também outras parcerias na área de financiamentos ou mesmo novas joint ventures com empresas brasileiras.

"O interesse das empresas que precisam de produtos agrícolas passa necessariamente pelo Brasil", afirmou.

Para o consultor, o Brasil será beneficiado "qualquer que seja a postura" que venha a escolher nos próximos meses.

"Podemos ter uma postura agressiva, de nos organizarmos rapidamente, com o setor privado, junto a associações, para que possamos montar estratégia de colocar à mesa a nossa narrativa... podemos ter benefício de médio e longo prazos... se não fizermos isso, ainda assim seremos beneficiados pelos interesses dos clientes", afirmou.

Neste último caso, o Brasil não necessariamente tiraria o melhor proveito.

Pessôa opinou que, quanto mais longa a guerra comercial, mais provável que tenhamos redução de preços de commodities nas bolsas internacionais. Mas em compensação, para os brasileiros, isso é compensado via prêmios.

Ele acrescentou que após a primeira guerra comercial o Brasil ganhou fatias de mercados na China em soja, carnes e algodão, entre outros.

SUSTENTABILIDADE

Para a CEO do Rabobank Brasil, Fabiana Alves, com a conjuntura atual há uma grande oportunidade de o Brasil "colocar sua própria narrativa" e buscar recursos para os investimentos no agronegócio.

Mas, segundo ela, o Brasil precisa também resolver algumas questões internas relacionadas à segurança jurídica, assuntos fundiários e de seguro de safra.

Ela disse ainda durante sua apresentação que a agenda de sustentabilidade está colocada, apesar de os EUA estarem "sombreando" o tema no governo Trump.

De outro lado, Alves disse que a Europa pode até diminuir a velocidade em temas de sustentabilidade, "mas a direção está posta". Ela citou também que a China já entrou na jornada de recuperar áreas degradadas, em um processo intenso da restauração da vegetação, visando proteger seus recursos naturais e aumentar sua resiliência climática.

(Por Roberto Samora)

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