Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que dificilmente o Brasil poderá prescindir de explorar petróleo na chamada Margem Equatorial (BVMF:EQTL3), região marítima próxima à foz do rio Amazonas, mas deve prevalecer uma "posição cautelosa" no governo, com os cuidados exigidos pela área ambiental.
"Na minha opinião, nós temos que parar de consumir petróleo não por falta de petróleo, esse é o ponto. Nós temos que ter petróleo até o momento que não precise mais dele. Então temos que correr com a outra agenda, mas sem perder de vista que podemos precisar do petróleo da Margem Equatorial, com as cautelas que o meio ambiente deve impor à Petrobras (BVMF:PETR4), e a Petrobras está ultra disposta a considerar", disse o ministro em entrevista ao programa Canal Livre, da rede Bandeirantes.
O Ibama negou licença à Petrobras para fazer estudos exploratórios para verificar a existência de petróleo na região. De acordo com o órgão, o estudo apresentado pela estatal -- preparado ainda durante o governo anterior -- era incompleto e não lidava com várias questões de proteção da região que o Ibama considera imprescindíveis.
A Petrobras recorreu, mas ainda não houve uma resposta do Ibama.
A decisão criou uma cisão no governo entre a área ambiental e a área de energia, com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendendo que a exploração da área é imprescindível para o futuro energético do país. Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que a decisão do Ibama foi técnica.
Recentemente, em entrevista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Margem Equatorial poderá sim vir a ser explorada.
"O Brasil não vai deixar de pesquisar a Margem Equatorial. Se encontrar a riqueza que pressupõe que exista lá, é decisão de Estado se vai explorar ou não", disse Lula, durante viagem à Índia.
Haddad defendeu o presidente da Petrobras e a empresa, lembrando que a estatal anunciou recentemente investimentos de 100 bilhões de reais em energia eólica. Disse ainda que o Meio Ambiente tem o direito e o dever de impor à Petrobras cuidados na exploração, mas que a empresa tem condições e está disposta a cumprir.
"Eu acredito, por tudo que tenho ouvido dentro do governo, que vai preponderar uma visão cautelosa. É um santuário de biodiversidade ali, tem que cuidar, é de uma riqueza espetacular. Mas quilômetros ali do lado a Guiana está explorando uma plataforma", disse Haddad na entrevista que, gravada na quinta-feira, foi ao ar na noite deste domingo.
"Então vamos tomar cuidado, vamos com toda cautela. Mas vamos deixar o petróleo de lado porque a gente já fez a outra parte, que é acelerar a produção de energia limpa."