SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de Mato Grosso vão plantar mais soja do que o esperado inicialmente em 2018/19, com a área total somando 9,62 milhões de hectares, o que seria um crescimento de 1,64 por cento na comparação com a temporada anterior, de acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) publicado nesta segunda-feira.
No levantamento anterior, o Imea projetava um crescimento anual de 1,22 por cento na área plantada do Estado, o maior produtor brasileiro da oleaginosa.
Segundo o Imea, dentre as regiões que apresentam uma expectativa de maior de incremento de área estão as regiões norte (+8,54 por cento), noroeste (+4,39 por cento) e nordeste (+2,01 por cento).
No médio-norte, maior região produtora do Estado, o crescimento será de 1,2 por cento, para 3,28 milhões de hectares.
"Essa retomada no crescimento da área semeada é, principalmente, reflexo da valorização da oleaginosa brasileira, pautada no aumento da demanda internacional", afirmou o Imea em nota.
Embora os preços na referência global de Chicago estejam perto de mínimas de dez anos, o Brasil (maior exportador global) está se beneficiando da demanda da China (maior importador), que em disputa comercial com os Estados Unidos (maior produtor) taxou a soja norte-americana em 25 por cento, trazendo mais compradores chineses dispostos a pagar prêmio pelo produto brasileiro.
Com o plantio ainda começando no Estado --em 12,6 por cento da área projetada até 5 de outubro--, o Imea manteve a estimativa de produtividade média em 56,23 sacas por hectare.
Isso levaria a produção total a 32,45 milhões de toneladas, também uma ligeira alta na comparação com o levantamento anterior do Imea (32,3 milhões de toneladas), publicado em maio, em função da expectativa de uma área levemente maior.
Ainda assim, a safra que está sendo semeada teria um ligeiro recuo de 0,22 por cento na comparação com o recorde registrado em 2017/18, de 32,5 milhões de toneladas, uma safra em que a produtividade média foi recorde de 57,28 sacas por hectare.
COMERCIALIZAÇÃO
A comercialização da safra de soja de Mato Grosso 2018/19 avançou até o início de outubro para 33,87 por cento do total projetado, ante 28,15 por cento em setembro, após o câmbio favorecer os negócios em boa parte do último mês.
Desde a última semana, contudo, as vendas estão praticamente paradas em função de uma queda do dólar frente ao real, decorrentes das expectativas e dos resultados do primeiro turno das eleições, segundo integrantes do mercado.
"Para os próximos meses, o dólar tende a continuar sendo o principal 'desafio' para novos negócios, haja vista toda a oscilação da moeda neste período eleitoral brasileiro e a manutenção das indefinições entre EUA-China até o momento para o mercado da soja", disse o Imea em boletim.
O ritmo de negócios, entretanto, ainda está adiantado para a época. Na média de cinco anos, o indicador para o início de outubro é de 30,90 por cento.
A comercialização da safra de milho de Mato Grosso 2018/19, que será colhida somente em meados do ano que vem, também está bastante avançada, atingindo em 29,57 por cento do total projetado de 27,4 milhões de toneladas, ante 24,17 por cento na previsão de setembro e 17,85 por cento da média histórica para o período, com produtores aproveitando o câmbio anteriormente para fecharem negócios.
A safra 2017/18 do maior Estado produtor de milho foi estimada em 27,58 milhões de toneladas, queda de 9,4 por cento ante a temporada passada.
(Por Roberto Samora)