SÃO PAULO (Reuters) - O inverno, que começa na próxima sexta-feira no Hemisfério Sul, será marcado por chance superior a 50% de manutenção do fenômeno climático El Niño no período, trazendo chuvas acima da média para grande parte da região Sul do Brasil, previu o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), de acordo com nota do Ministério da Agricultura.
Na região Sul estão concentradas as lavouras de trigo, principal cultura de inverno brasileira. As precipitações devem ajudar no desenvolvimento dos cultivos, em fase de plantio, mas podem prejudicar a qualidade do cereal caso se prolonguem até a colheita, com início em setembro.
"A maior frequência das frentes frias contribuirá para maiores variações nas temperaturas ao longo deste trimestre. Porém, as temperaturas médias devem permanecer acima da média climatológica, exceto na metade sul do Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina, onde o inverno deverá ocorrer dentro da normalidade...", afirmou o ministério.
No Sudeste, as chuvas devem permanecer dentro ou ligeiramente acima da média, principalmente em setembro, no sul de São Paulo, avaliou o Inmet, lembrando que o trimestre de junho a agosto é período mais seco da região, especialmente no norte de Minas Gerais.
O Sudeste é o maior produtor brasileiro de cana, laranja e café do Brasil, que domina o mercado internacional desses três produtos. Chuvas, quando em excesso, podem prejudicar o andamento da colheita dessas culturas e mesmo afetar a qualidade do café.
Para o Centro-Oeste, principal região produtora de grãos do Brasil, onde a colheita de milho segunda safra está em desenvolvimento, o Inmet aponta alta probabilidade das chuvas ocorrerem dentro a ligeiramente abaixo da média climatológica em grande parte da região, com temperaturas acima da média, devido à permanência de massas de ar seco e quente, "principalmente nos meses de agosto e setembro".
O plantio da nova safra em Estados como o Mato Grosso já pode começar em setembro, mas é preciso umidade satisfatória.
Na Região Nordeste, o boletim do Inmet indica o predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas dentro ou abaixo da climatologia, principalmente sobre a costa leste, onde o período chuvoso aproxima-se do final.
EL NIÑO
Segundo nota do ministério, os dados gerados pelos principais centros meteorológicos internacionais revelam que o fenômeno El Niño, marcado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, deverá se estender até meados da primavera.
Desde meados da primavera até a primeira quinzena deste mês, as águas do Oceano Pacífico Equatorial (SA:EQTL3) vem apresentando valores acima de 0,5ºC, o que caracteriza um fenômeno El Niño de fraca intensidade, destaca o relatório do Inmet.
O El Niño repete-se em intervalos irregulares, que costumam variar entre dois e sete anos. Os impactos da anomalia climática são variados, tendo em vista as dimensões do território brasileiro e sua diversidade climática. Em algumas áreas, produz secas extremas e, em outras, eleva as temperaturas, disse o ministério.
(Por Roberto Samora)