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Ipea reduz PIB do agro do país após quebra no milho em 2021; vê alta de 3,3% em 2022

Publicado 26.08.2021, 12:36
© Reuters. Amostra de milho em Sorriso, Mato Grosso. 
26/07/2017 
REUTERS/Nacho Doce
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Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O PIB Agropecuário do Brasil crescerá menos do que o esperado neste ano após a seca e as geadas derrubarem as safras de milho e cana-de-açúcar, apontou nesta quinta-feira o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que projetou um novo crescimento do setor para 2022 com base em colheitas recordes de grãos.

O crescimento do PIB do setor em 2021 foi revisto de 2,6%, na previsão de junho, para 1,7%. Ainda assim, será o quinto ano consecutivo de avanço no segmento agropecuário, "o único a não apresentar redução em 2020".

"O ajuste nas projeções foi motivado, principalmente, pela redução nas estimativas de produtividade e produção de culturas importantes (como a do milho), devido a impactos climáticos adversos da ocorrência de um fenômeno La Niña mais severo nesta safra, e pela piora do cenário para a produção de bovinos", disse o Ipea em nota.

No valor adicionado da produção vegetal em 2021, os pesquisadores revisaram a alta de 2,7% para 1,7%. Ainda assim, o desempenho positivo foi sustentado pelos aumentos na produção de soja (+9,8%), trigo (+36,0%) e arroz (+4,1%).

"Isso compensou as quedas estimadas para as demais culturas: milho (-11,3%), cana-de-açúcar (-3,2%) e café (-21,0%). O rendimento do milho em 2021, em especial, foi muito prejudicado pelo atraso na colheita da soja, que retardou o plantio da segunda safra, ficando dependente de chuvas tardias que não ocorreram", disse o Ipea.

A cana também sofreu o efeito das geadas e da seca, assim como o café, que já estava em ano de baixa produtividade do ciclo bienal do arábica.

No café, no entanto, o impacto das geadas na produção deverá se dar em 2022, segundo especialistas.

Na produção animal, a previsão de alta foi revista de 2,5% para 1,8%, com crescimento para todos os segmentos, com exceção da produção de bovinos, com queda de 1,0%.

Há expectativa de desempenho positivo na produção das demais proteínas: suínos (+7,7%), frangos (+3,9%), leite (+3,1%) e ovos (+4,5%). "No caso dos suínos, o bom desempenho está relacionado com o forte crescimento das exportações para a China este ano."

2022

A primeira previsão para 2022, de um crescimento de 3,3% do PIB Agropecuário, foi realizada com base nas projeções desta quinta-feira anunciadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que vê novas safras recordes para o ciclo cujo plantio deve começar em setembro.

Os pesquisadores do Ipea estimam um crescimento de 3,9% no valor da produção vegetal e de 1,8% na produção animal.

De acordo com a Conab, há expectativa de manutenção do bom desempenho da produção de soja, que deverá bater novo recorde em 2022, e de boa recuperação de culturas como milho e algodão, após a forte queda projetada para este ano.

"Além disso, o abate de bovinos deverá, enfim, registrar recuperação após dois anos consecutivos de queda, disse a nota.

© Reuters. Amostra de milho em Sorriso, Mato Grosso. 
26/07/2017 
REUTERS/Nacho Doce

"Esperamos uma recuperação da oferta de bovinos no ano que vem, tendo transcorrido tempo suficiente para a recomposição do rebanho após o pico em 2019", afirmou o pesquisador associado do Ipea, Pedro Garcia, um dos autores da nota.

Os principais riscos da projeção de crescimento divulgada pelo Ipea estão relacionados aos efeitos climáticos sobre a produção vegetal e ao atraso na retomada dos abates de bovinos.

Todavia, os modelos climáticos apontam um fenômeno La Niña mais brando na segunda metade do ano, com chuvas mais regulares nas culturas de verão e temperaturas mais amenas no inverno, comentou o Ipea.

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