Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A hidrelétrica de Itaipu, um projeto binacional entre Brasil e Paraguai, registrou no início da madrugada desta quarta-feira a marca histórica de 2,5 bilhões de megawatts-hora em eletricidade produzida desde o início de suas atividades, em 1984, um recorde global.
"A gente diz que Itaipu é líder mundial. E em produção acumulada, ninguém no planeta alcança, nem as usinas que entraram em operação antes e já estavam acumulando (geração), e nem as que entraram depois", disse à Reuters o superintendente de Operações da usina, Celso Villar Torino.
"Só para dar uma referência, seria possível, só com essa energia de Itaipu, atender o planeta por 41 dias", comentou o executivo.
Ele ressaltou ainda que a usina binacional é a maior geradora de eletricidade do mundo, mesmo com a competição da hidrelétrica chinesa Três Gargantas, que tem uma maior capacidade.
Com 14 gigawatts em potência instalada, contra 22,5 gigawatts da hidrelétrica chinesa, Itaipu produziu um recorde de cerca de 103 milhões de megawatts-hora no ano passado, enquanto a maior marca da rival foi quase 99 milhões de megawatts-hora em 2014, segundo Torino.
Neste ano, mesmo com um regime de chuvas em geral abaixo da média histórica no Brasil, a usina deve produzir entre 94 milhões e 95 milhões de megawatts-hora, o que representará provavelmente o quinto melhor resultado do empreendimento em seu histórico, disse o superintendente de Operações.
A hidrelétrica binacional é administrada no Brasil pela estatal Eletrobras (SA:ELET3), enquanto no Paraguai a Ande tem as mesmas atribuições.
A energia gerada é metade do Brasil, mas o país também compra parte da parcela que iria para o Paraguai, uma vez que o país vizinho sequer possui demanda suficiente para consumir toda a geração.
No ano passado, o Brasil ficou com cerca de 91 milhões dos 103 milhões de megawatts-hora produzidos, disse Torino.
"Isso correspondeu a 17 por cento do mercado brasileiro", destacou.
PRIVATIZAÇÃO E MODERNIZAÇÃO
O governo brasileiro anunciou em agosto um plano de privatizar a Eletrobras, em uma operação que envolveria uma oferta de novas ações e a redução da participação estatal na companhia a uma fatia abaixo de 40 por cento.
Mas as autoridades têm garantido que Itaipu ficará de fora do acordo, provavelmente por meio de uma cisão que separaria o empreendimento do resto dos ativos da elétrica estatal brasileira.
"O aspecto técnico seguirá de maneira exemplar, tanto no Brasil quanto no Paraguai... não vejo nada que possa alterar", disse Torino, que não entrou em detalhes sobre o assunto porque os estudos sobre a privatização têm sido conduzidos pelo governo federal.
Segundo o superintendente de Operações, Itaipu deverá passar por um processo de modernização provavelmente a partir de 2021 e 2022, com a previsão de atualizar principalmente tecnologias utilizadas no controle da usina, que passarão de analógicas para digitais.
As obras estão orçadas em cerca de 500 milhões de dólares, mas a origem dos recursos para a melhoria ainda está em discussão.