Por Jake Spring
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, posicionou-se de maneira frontalmente contrária à proposta de fusão da pasta com o Ministério do Meio Ambiente, anunciada na véspera pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Em comentários no Twitter (NYSE:TWTR), Maggi, conhecido também por sua atuação como investidor no setor de soja, afirmou entender que a decisão de unir os ministérios "trará prejuízos incalculáveis ao agronegócio brasileiro".
"Lamento a decisão do presidente eleito", escreveu ele.
Em comentários em separado, enviados por meio da assessoria de imprensa, ele afirmou que o Brasil é "muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente".
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, sendo líder na exportação de commodities como soja, açúcar, café e suco de laranja.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, disse na terça-feira que a "Agricultura e o Meio Ambiente andarão de mãos dadas". Unificar as duas pastas foi uma promessa de campanha do capitão reformado, que depois se disse aberto a sugestões de setores do agronegócio que defendiam a manutenção da separação das duas pastas.
Com dados da Embrapa Territorial, o Ministério da Agricultura disse em nota que 66 por cento do território brasileiro se mantém preservado graças à ação dos produtores, um discurso que "pode ser prejudicado com a fusão das duas pastas".
Ainda conforme o Ministério, Maggi avalia que as pastas são convergentes em alguns pontos, mas no geral possuem temas próprios que necessitam de atenção.
"Existem muitos fóruns importantes nos quais o Brasil deve marcar sua posição, mas não será possível para um ministro participar de todos sozinho", afirmou ele, destacando que o trabalho do Meio Ambiente não se dá apenas sobre assuntos do agronegócio, abrangendo também áreas como infraestrutura, mineração e energia.
"Como um ministro da Agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios?", questionou.
As declarações de Maggi ocorrem no mesmo dia em que o Ministério do Meio Ambiente também criticou a proposta de Bolsonaro, dizendo que fragilizar a autoridade da pasta seria "temerário".
(Por Jake Spring)