Maggi vai tratar com Rússia e China sobre embargo à carne brasileira

Publicado 20.06.2018, 13:54
Atualizado 20.06.2018, 14:00
© Reuters.  Maggi vai tratar com Rússia e China sobre embargo à carne brasileira

A caminho de Johanesburgo, na África do Sul, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi aposta nas conversas preparatórias da 10ª Cúpula do Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,- para dar mais um passo na direção do fim do embargo russo à carne suína e bovina do Brasil. As restrições anunciadas sob argumento de que haviam sido encontradas substâncias como estimulantes nos produtos brasileiros exportados para a Rússia já duram quase seis meses.

“Todos os pleitos da Rússia foram atendidos e estão vigentes”, afirmou o ministro hoje (20), minutos antes do embarque para São Paulo, de onde seguirá para o continente africano. Maggi admitiu que não será a esfera ministerial da reunião dos Brics que solucionará problemas relacionados à sua pasta, mas disse estar otimista de que os diálogos podem avançar para que esses impasses sejam dissolvidos no momento em que os chefes de Estados sentarem à mesa de negociações.

Outra frente que Maggi pretende enfrentar durante as reuniões preparatórias tem como alvo os representantes do governo chinês. Otimista, o ministro disse acreditar em uma solução próxima para a sobretaxa imposta ao frango brasileiro no início deste mês.

Nos próximos dias, técnicos chineses chegam ao Brasil, em uma missão para avaliar números, e devem visitar três plantas de produção brasileira. “Eles alegam que fizemos dumping, usando preços mais baixos de produção, o que não é verdadeiro. O Brasil é um país muito competitivo com produção de farelo e milho”, explicou. Maggi admitiu que o Brasil precisa adotar uma “maior noção de mercado”. “Não adianta a gente abrir mercado e desestrutura as cadeias locais”, completou.

Guerra comercial

Maggi disse que o governo brasileiro não tem como interferir na disputa comercial iniciada pelos Estados Unidos, quando anunciou a sobretaxação de produtos da China e de países da União Europeia. O ministro admitiu que, em um primeiro momento, o Brasil pode até ganhar com a situação, mas a expectativa é a de que esse cenário prejudique outras variáveis da produção.

Com a sobretaxa sobre a soja, que é regulada pela Bolsa de Chicago, os preços do produto caem em todo o mundo. “Terão que pagar um prêmio para buscar a soja brasileira que compensa um pouco, mas somos um grande fornecedor de grãos para a China. No momento em que é melhor vender o grão, as empresas param de fazer a moagem e perdemos mercado mundial de farelo”, explicou.

O reflexo esperado é o encarecimento da ração que é a base da produção animal nacional de frangos e suínos. “Para mim, só temos a perder nisso. Daqui a uns anos, China e EUA voltam a se acertar, ganham novamente o mercado de soja e nós já perdemos o mercado de farelo e competitividade na área animal”, acrescentou.

Feijão

As declarações de Maggi foram dadas depois do lançamento do primeiro plano nacional criado para a cadeia do feijão brasileiro e de pulses, que incluí mais de 10 cultivares como lentilha, grão-de-bico e ervilha. O Brasil é o maior produtor de feijão do mundo, com resultados anuais médios de produção de 3 milhões de toneladas do grão. Pela primeira vez, produtores dessas leguminosas e o governo sentaram para tentar organizar a cadeia e intensificar os números.

No documento lançado hoje, ficaram definidas metas para o setor que, atualmente, atende basicamente ao consumo interno. Neste contexto, os produtores querem criar mecanismos para aumentar em 5kg o consumo per capita interno, que hoje é de cerca de 16kg anuais. Outras metas têm foco no mercado externo e, mais especificamente, asiático. Além de tentar ampliar para o patamar de 500 mil toneladas anuais a produção destinada à exportação – atualmente em torno de 106,3 mil toneladas – o Brasil pode aproveitar a demanda crescente por pulses para buscar um lugar de destaque nesse tipo de cultivo.

“A Índia fala que terá uma demanda em torno de 30 milhões de toneladas nos próximos 30 anos. Isto significa uma área, no Brasil, em torno de 10 milhões de hectares semeados. Isto é renda para o produtor e oportunidade de termos uma diversificação do que já temos”, disse Maggi.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.