PEQUIM (Reuters) - A suspensão inexplicada das operações de uma importante provedora de dados agrícolas da China deixou operadores, analistas e corretores diante de uma luta por novas fontes de informação em um dos maiores mercados do mundo para o setor.
A Cofeed, consultoria privada com sede em Pequim criada há quase 20 anos, havia se consolidado como o que muitos participantes do mercado consideravam ser a mais completa fornecedora de informações sobre grãos e oleaginosas do país, o maior comprador de soja do mundo.
A empresa, no entanto, deixou de atualizar dados em seu website e de enviar informações a clientes em 29 de abril, sem qualquer explicação.
"É muito inconveniente", disse Darin Friedrichs, analista sênior de commodities para Ásia no escritório de Xangai da corretora StoneX.
"Os números deles eram tomados como as estimativas 'de fato' das chegadas de soja. Ainda estou procurando onde mais podemos obtê-los", acrescentou.
Os dados da Cofeed sobre estoques de soja e farelo de soja, margens de esmagamento, taxas de operação em unidades de processamento da oleaginosa, desembarques de soja, prêmios e preços em diferentes regiões eram especialmente valorizados pela indústria.
"Todo o mercado estava usando os dados deles", disse um operador de soja de uma trading internacional. "Agora precisamos ligar para todo mundo em busca de informações, leva tempo".
A Cofeed reunia informações de 50 cidades ao redor do país, compilando números fornecidos por processadoras sobre os volumes diários de esmagamento, segundo uma descrição dos serviços da companhia no Eikon, plataforma da Refinitiv.
Friedrichs disse que os mercados estrangeiros podem sofrer uma perda maior do que os operadores chineses, que possuem redes mais robustas para a obtenção de informações.
Diversas ligações a celulares de dois analistas da Cofeed nesta semana não foram atendidas. Outros três também não responderam às chamadas.
A entrada de uma vila nos arredores de Pequim, onde acreditava-se que a empresa estivesse operando, foi fechada pela polícia em 29 de abril, conforme apurado pela Reuters na quarta-feira.
"Obter dados precisos da China é algo massivo. Sem isso, ninguém pode ter certeza do panorama real", disse um trader de grãos e oleaginosas de Melbourne, que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar sobre o assunto.
(Reportagem adicional de Shivani Singh em Pequim, Emily Chow em Xangai e Colin Packham em Camberra)