SÃO PAULO (Reuters) - O indicador do milho Esalq/B3 encerrou esta quarta-feira cotado a 100,24 reais por saca de 60 quilos, um recorde para o preço do cereal na série histórica iniciada em 2004, mostraram dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em meio à firme demanda, oferta restrita e temores com a segunda safra que está em desenvolvimento.
O valor representa mais que o dobro da cotação do cereal registrada pelo índice no mesmo período do ano passado, que estava em 48,78 reais por saca, de acordo com os dados.
"Atentos aos baixos estoques da safra 2019/20 e preocupados com o desenvolvimento das lavouras 2020/21, produtores limitam a oferta de milho no spot", afirmou o Cepea em nota.
Do lado da demanda, os pesquisadores do instituto disseram que parte dos consumidores precisa recompor os estoques no curto prazo --como o setor de carnes, que utiliza o insumo para produzir ração animal.
"Diante disso, os valores do cereal continuam em alta e, portanto, renovando os recordes reais em muitas praças acompanhadas pelo Cepea."
Nesta quarta-feira, a consultoria Datagro cortou sua projeção para a produção de milho na segunda safra e, consequentemente, a expectativa para a colheita total da commodity nesta temporada, devido à seca que tem gerado perdas nas lavouras da "safrinha".
A projeção da Datagro para a segunda safra caiu de 85,10 milhões de toneladas estimadas em março para 81,22 milhões, o que ainda ficaria 1% acima do ciclo anterior, mas com chances de novas revisões para baixo no próximo levantamento.
Desse total, a região centro-sul responderia por 74,84 milhões de toneladas --e é onde estão concentrados os problemas climáticos, principalmente em Estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
De olho no Brasil e no desempenho do Estados Unidos, os preços externos do milho também trabalham nas máximas. Os contratos futuros do cereal negociados em Chicago atingiram o maior preço em mais de oito anos nesta quarta-feira, com preocupações com as ofertas globais e demanda aquecida.
(Por Nayara Figueiredo)