SÃO PAULO (Reuters) - O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, disse nesta terça-feira entender que um "desleixo por parte dos empreendedores" no setor de mineração do Brasil é um dos componentes por trás de desastres vistos na indústria nos últimos anos.
Sem citar empresas ou casos específicos, o ministro afirmou a jornalistas que acredita também que houve "descaso do poder público", que tem os instrumentos para fiscalizar os empreendimentos do setor.
A fala acontece após um rompimento em janeiro de barragem da Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG) e em momento em que a Agência Nacional de Mineração (ANM) acompanha a situação da mina de Gongo Soco, da mesma empresa, cujo talude dá sinais de que pode romper a qualquer momento.
Questionado por jornalistas sobre a situação em Gongo Soco, Albuquerque disse que o ministério tem acompanhado a situação por meio de sua secretaria de Geologia e Mineração, da ANM e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
"Nosso pessoal está lá diuturnamente. Ontem à noite recebi o último relatório. Está cedendo (o talude), nós sabemos disso, e a expectativa é que isso venha a acontecer nos próximos dias, ou talvez nas próximas horas", afirmou.
"Houve um descaso do poder público em ter as ferramentas apropriadas para fazer o controle e a fiscalização das barragens, como houve também o desleixo por parte dos empreendedores. Eu tive a oportunidade de conhecer, de ir a alguns empreendimentos que primam pela segurança, com tecnologias, e se isso tivesse sido aplicado por todos empreendedores, acredito que não teríamos tido as tragédias que tivemos nos últimos anos", disse Albuquerque, após participar de evento de energia eólica em São Paulo.
Separadamente, a Vale informou nesta terça-feira ver menor chance de possíveis impactos da eventual queda do talude para barragem de rejeitos nas proximidades da mina.
(Por Luciano Costa)