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SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar e a produção de açúcar do centro-sul do Brasil caíram mais do que as expectativas na primeira quinzena de junho, de acordo com dados publicados nesta segunda-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A produção de açúcar somou 2,45 milhões de toneladas no período, redução de 22,1% na comparação anual. Já a moagem atingiu 38,78 milhões de toneladas, recuo de 21,49%, de acordo com a entidade que representa as usinas da região.
Segundo uma pesquisa da S&P Global Commodity Insights com 21 analistas, a moagem havia sido estimada em 39,87 milhões de toneladas, enquanto a produção havia sido prevista em 2,52 milhões de toneladas.
"A moagem registrou um recuo nos últimos quinze dias, impactada por condições climáticas desfavoráveis à colheita. As chuvas, concentradas principalmente nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e nas regiões de Araçatuba e Assis em São Paulo, prejudicaram o ritmo do trabalho no campo, fazendo com que o volume processado ficasse abaixo da média das últimas safras", disse o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, em nota.
Apesar dos dados negativos, os preços futuros do açúcar bruto operavam queda nesta segunda-feira, nos menores patamares em quatro anos na ICE, com traders realizando vendas para evitar entregas antes do vencimento do primeiro contrato.
O setor produtivo da principal região produtora de açúcar do mundo já opera com praticamente 95% das unidades ativas, relatou a Unica, após mais quatro usinas iniciarem a safra 2025/26 na primeira quinzena do mês.
Do total processado, 51,54% da cana foi direcionada para a produção de açúcar, ante 49,68% no mesmo período do ano passado, versus uma estimativa de 51,63%.
Mas na segunda parte de maio o setor havia direcionado mais cana para a produção do adoçante, a 51,85%. Além disso, as condições foram mais favoráveis para a moagem na quinzena anterior, que cresceu quase 9% na comparação anual.
A produção de etanol, realizada com a parcela restante de cana e também tendo o milho como matéria-prima, somou ao todo 1,775 bilhão de litros, queda de 21,66% na comparação anual.
Do total de etanol obtido na primeira quinzena de junho, 20,11% teve origem no milho, segundo a Unica.
Além da queda da moagem, o setor tem lidado com uma qualidade inferior da cana, após um tempo seco no ano passado, durante o desenvolvimento dos canaviais.
O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de junho atingiu 128,66 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, queda de 4,37% no comparativo anual.
No acumulado da safra, o indicador marca 119,60 kg de ATR por tonelada, registrando retração de 4,54%.
VENDAS
Na primeira quinzena de junho, as vendas de etanol totalizaram 1,26 bilhão de litros, redução de 13,92% em relação ao mesmo período da safra 2024/2025, com queda tanto para anidro (misturado à gasolina) quanto para o hidratado, usado pelos carros flex.
O volume comercializado de etanol anidro caiu 10,18% para 460,01 milhões de litros, enquanto o etanol hidratado registrou venda de 803,95 milhões de litros, baixa de 15,93%.
A Unica ainda destacou decisão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre a publicação da lista de sanção identificando as distribuidoras de combustíveis inadimplentes no âmbito do RenovaBio.
A partir da divulgação dessa lista, fica vedada aos produtores a comercialização de combustíveis com as distribuidoras nela incluídas, até que estas regularizem sua situação nas compras dos Créditos de Descarbonização (CBios), que são emitidos pelos produtores de biocombustíveis.
(Por Roberto Samora)