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O petróleo e o ouro são ambos commodities sensíveis à inflação?

Publicado 31.10.2021, 06:02
Atualizado 31.10.2021, 21:21
© Reuters.

Por Barani Krishnan

Investing.com -- O petróleo e o ouro são ambos commodities sensíveis à inflação, certo? Então, porque é que os preços do petróleo hoje em dia fazem ralis praticamente sem restrição nenhuma, enquanto os do metal caem quase que indiscriminadamente?

A pressão do aumento dos salários nos EUA e gargalos nas cadeias globais de fornecimento não deveria içar ambos ao mesmo tempo, embora talvez não de maneira igual?

Sim e não.

A natureza inerente das commodities é que os seus preços sobem quando o poder de compra do dólar cai em função de custos mais elevados. Observe que neste ciclo, o dólar é vulnerável em qualquer uma das situações. As commodities iniciam o ciclo com um rali em função das pressões de oferta-demanda; o dólar então é impactado pelo aumento da inflação e as commodities reagem ao ciclo inflacionário subindo ainda mais.

O argumento mais forte a favor dos preços das commodities como principal indicador da expectativa de inflação é que as commodities respondem rapidamente a choques econômicos generalizados.

Os choques sistêmicos — como o furacão Ida, este ano — podem dizimar a oferta de commodities (neste caso, o petróleo) e, subsequentemente, aumentar os seus custos. Até a commodity chegar aos consumidores, os preços em geral já teriam subido — só o Ida elevou os preços do petróleo bruto nos EUA em quase 10% — e a inflação se materializaria.

Mas a história também mostra que as commodities com alto conteúdo energético estão mais relacionadas com a inflação das manchetes do que aquelas compostas por metais e agricultura.

Kevin L. Kliesen, economista de negócios e responsável de pesquisa no Federal Reserve de St. Louis, chegou a essa conclusão após estudar as alterações nos índices de commodities S&P GSCI, Thomson Reuters CRB, Bloomberg e FIBER, bem como seu impacto sobre a inflação, durante um período de 25 anos.

Esta lógica nos diz que não devemos ficar surpresos com o rali de 72% do petróleo bruto nos EUA este ano, em comparação com o recuo de 6% do ouro.

Eis a história alternativa

O que foi impresso acima é verdade, mas também há que se ter algumas ressalvas em conta.

Sim, o petróleo aparentemente está em uma terrível escassez de oferta hoje em comparação à demanda, uma situação que nos dizem que só vai piorar durante o inverno, já que uma maior parcela da commodity é usada para gerar eletricidade e calefação devido a uma esperada falta de gás natural e carvão suficientes.

Isso sem nem considerar que os norte-americanos podem repentinamente ter o desejo de dirigir mais no inverno do hemisfério norte que no durante o verão passado, já que o mundo fica cada vez mais louco. E, embora estejamos considerando contingências absurdas, vamos considerar também situações reais: que o número de ´passageiros no transporte aéreo literalmente irá aos céus no novo ano, com a suspensão de todas as medidas restritivas a viagens.

No início desta semana, ouvimos do executivo chefe da maior empresa produtora de petróleo do mundo que "a capacidade de reserva está diminuindo" às vésperas da decolagem das viagens internacionais, o que foi uma "enorme preocupação" para a empresa. "Se houver a retoma da aviação no próximo ano, essa capacidade sobresselente ficará esgotada", disse Amin Nasser, da Saudi Aramco (SE:2222), disse à Bloomberg. "Estamos chegando a uma situação em que existe uma oferta limitada — o que resta em reserva está diminuindo rapidamente".

Nasser tem o descaramento de dizer isso quando o reino da Arábia Saudita, que opera a Aramco e também a OPEP+, não permite que a aliança global de exportadores de petróleo aumente a produção além de 400 mil barris por dia, como acordado há meses — quando a situação da oferta-demanda era muito menos dinâmica do que é hoje.

Cada reunião da OPEP+ este ano tem sido uma oportunidade para o cartel agitar o mercado, na medida em que os preços da commodity bruta estão agora muito além das máximos pré-pandemia.

E, aproveitando a deixa, na sexta-feira, um oficial do Comitê Técnico Conjunto da OPEP+, falando antes da reunião de quinta-feira dos ministros do petróleo da aliança, disse que provavelmente haverá "um mercado mais apertado de petróleo no quarto trimestre" à medida que as reaberturas da pandemia se intensificam e um volume de oferta além do necessário é retido. Caso houvesse qualquer ambiguidade sobre a forma como a OPEP+ responderia à situação, a Argélia tomou o megafone do cartel para reforçar o mantra: 400 mil e nada mais.

O ouro, por outro lado, continua a cair em valor, apesar de seu título como uma proteção contra a inflação. Este ano, a fama de porto seguro do metal foi transformada numa piada por vendedores em short na commodity, que receberam a permissão de correrem soltos por parte de investidores que não só toleram, mas são cúmplices da inflação, graças às políticas do Fed.

A dívida aberrante que os EUA contraíram desde o início da pandemia de Covid-19 — e que continuará contraindo nos próximos anos — parece não ter consequência nenhuma para os touros em busca de preços cada vez mais altos nos mercados de ações e energia, tudo em nome da "cobertura" contra a inflação.

Enquanto isso, o único ativo realmente projetado para fornecer aos investidores uma reserva de valor contra um possível desmoronamento nas moedas fiduciárias está, ele próprio, desmoronando. Desde a sua escalada inicial, atingindo máximas recordes acima dos US$ 2.000 por onça em agosto de 2020, nunca se permitiu ao ouro atingir o seu verdadeiro potencial de preços, com o Bitcoin muitas vezes a roubando a cena secular do metal na corrida por afluxos, apesar dos argumentos sobre o valor inerente das criptomoedas — ou sua falta.

Além de se lançarem às moedas virtuais, os investidores estão, naturalmente, perseguindo quer os rendimentos do Tesouro, quer o dólar mais elevado, na aposta de que o Fed não será capaz de frear a inflação galopante com as ferramentas que tem (os que atuam nos mercados de títulos estão certamente trabalhando para garantir que o banco central falhe, e falhe de maneira miserável). O objetivo é forçar a mão do Fed para aumentar as taxas de juros mais rápido e em um nível maior do que pretende, proporcionando uma vitória maciça para a ação bullish nas posições em rendimentos do Tesouro e dólar em jogo.

Também há a teoria de que o Fed está intencionalmente disposto a suprimir o ouro, a fim de manter o valor do índice do dólar acima do nível crítico de 90. Um artigo da Forbes de 2019, além de outro mais recente da Money Metals de fevereiro deste ano, esboçam como isto pode estar sendo feito.

Mas há uma razão mais plausível para o comportamento do ouro. E isso, segundo Lance Roberts, da consultoria de investimentos RIA, não tem “absolutamente nada” a ver com o ouro propriamente dito, e tudo a ver com com investidores empolgados demais as pressões dos preços, protegidos por um Fed que ainda chama a inflação mais alta em 30 anos de “transitória”. São pessoas profundamente arraigadas na zona de conforto de um S&P 500 cuja última correção significativa foi há um ano.

O que aflige ouro é a falta de medo nesta multidão, que ficou tonta com o sistema financeiro erguido sobre a areia do crédito fácil artificial, afirmou Roberts em um post em setembro.

Eu argumentaria outra coisa: que o ouro também carece de um megafone tão alto como o da OPEP, para cuidar do interesse daqueles que buscam um porto seguro.

Resumo do mercado e dos preços do petróleo

Os touros do petróleo viram suas várias semanas de vitória no Brent chegarem ao fim, mas conseguiram negar aos ursos do mercado uma alegria no petróleo dos EUA, que encerrou em alta no dia e apenas ligeiramente mais baixo que na semana anterior.

Enquanto a OPEP+, grupo de países produtores de petróleo, se preparar para movimentar o mercado novamente durante sua reunião mensal na próxima quinta-feira, a margem para os preços do petróleo se corrigirem está limitada, num ambiente no qual os investidores são perpetuamente lembrados da tentativa do cartel de manter os fornecimentos a níveis abismalmente baixos em relação à demanda.

Numa gritaria pré-reunião, a Argélia disse na quinta-feira que a produção de petróleo bruto não deveria aumentar mais do que os 400 mil barris por dia que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados tinham acordado há meses. Os especialistas em energia afirmam que o incremento total de 2 milhões de barris previsto pela OPEP entre Novembro e Abril é como uma gota em um balde, num mercado que precisa de pelo menos mais um milhão de barris por mês.

"O déficit no mercado de petróleo pode ser de apenas 300 mil por dia neste trimestre, mas os riscos de um aumento na demanda continuam elevados", disse Ed Moya, chefe de pesquisa para as Américas na plataforma de negociação online OANDA.

Stephen Brennock, corretor de petróleo da PVM, concordou, dizendo à Reuters que a OPEP+ tem a "intenção de continuar agindo como um pilar fundamental do suporte dos preços" com o seu poder de estrangular o fornecimento de energia.

O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, terminou a negociação de sexta-feira com alta de US$ 0,06, ou 0,07%, a US$ 84,38. Na semana, porém, o Brent caiu US$ 1,15, ou 1,3%. Foi a primeira semana do Brent no negativo após sete semanas consecutivas de vitórias. Mesmo assim, o Brent subiu 7,5% no mês, e apresenta alta em torno de 61% no ano.

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, fechou em alta de US$ 0,76, ou 0,9%, a US$ 83,57 por barril. Isso fez com que o WTI tivesse uma perda nominal de US$ 0,19, ou 0,2%, na semana. No mês, o WTI ainda mantém alta de 11%, subindo 72% no ano.

Os preços do petróleo caíram no início da semana com a possibilidade de o Irã iniciar negociações sobre seu programa nuclear com as potências ocidentais, numa tentativa de Teerã de se libertar das sanções dos EUA, que proíbem as vendas do seu petróleo ao mundo.

Um acúmulo semanal nos estoques de petróleo bruto dos Estados Unidos também pesou sobre o mercado, já que a Energy Information Administration divulgou um nível de inventário do dobro das expectativas do mercado. O aumento ocorreu num momento em que refinadores impulsionaram as importações de petróleo bruto na semana passada para fabricar mais produtos como gasolina e diesel, enquanto os exportadores de petróleo bruto fizeram menos embarques.

Resumo do mercado e dos preços do ouro

Mais uma semana, e mais uma tentativa fracassada de avançar para além dos US$ 1.800.

O destino do ouro de se manter preso – pelo menos por agora – na marca dos US$ 1.700 parece real, enquanto o Federal Reserve parte para sua reunião mensal na terça e quarta-feira, na qual o barulho em torno da redução do estímulo financeiro dos EUA provavelmente vai ficar mais alto.

Como se isso não fosse o suficiente, o relatório de emprego nos EUA para outubro deverá ser apresentado na próxima sexta-feira, e qualquer crescimento nos números pode ser suficiente para o presidente do Fed, Jerome Powell, e seu círculo de dirigentes que buscam cortar US$ 15 bilhões por mês da compra mensal de títulos feita pelo banco central americano, no valor de US$ 120 bilhões.

O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA para futuros de ouro, fechou em queda de US$ 18,70, ou 1%, a US$ 1.783,90 por onça.

Na semana, ele tinha queda de 0,7%, sua maior perda em seis semanas. No entanto, no mês, o ouro subiu 1,5%. O ouro apresentou ganhos em três dos últimos meses, mas segue em queda de 6,4% no ano.

"O ouro não está recebendo carinho dos fundos soberanos europeus, nem de nenhuma das principais instituições", afirmou Phillip Streible, estrategista de metais preciosos da Blue Line Futures, de Chicago. "É como se no momento em que ele atinge os US$ 1.800, as pessoas apertassem o botão de venda. Foi isso que aconteceu hoje e a torrente de stop orders de venda apenas atuou como se fossem alfinetes caindo".

"Este é só o fim de uma semana ruim para o ouro que não vai melhorar na semana que vem, com a reunião do Fed e os números do emprego no horizonte. Eu estou vendo um novo teste do nível de US$ 1.750 e, possivelmente, muito mais baixo".

A disparada do dólar para o maior nível em duas semanas também teve um impacto imenso sobre o ouro na negociação de sexta-feira, pois o metal dourado sofreu com o avanço do seu maior rival.

O dólar subiu após os dados de sexta-feira mostrarem o indicador de inflação anual do Fed atingir o valor mais alto em 30 anos em setembro, mantendo a pressão sobre os responsáveis pela política monetária do banco central, assim como sobre o governo Biden, para frearem a escalada dos custos.

O sentimento do consumidor dos EUA também continua em risco com a inflação elevada, embora os americanos pareçam ter se resignado com custos mais altos em função das turbulências econômicas causadas pela pandemia do coronavírus, disse a Universidade de Michigan na sexta-feira na mais recente edição da sua pesquisa de consumidores, acompanhada de perto.

Embora o ouro teoricamente seja uma proteção contra a inflação, ele mal fez jus a esse título este ano, já que a expectativa de que o Fed terá que elevar as taxas de juros em algum momento afetou o metal.

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan emprega inúmeros pontos de vista além do seu próprio a fim de trazer diversidade à sua análise de qualquer mercado. Por questões de neutralidade, ele às vezes apresenta visões contraditórias e variáveis do mercado. Ele não detém posição nas commodities e valores mobiliários sobre os quais escreve.

Últimos comentários

ouro =bitcoin
Sabe-se também que a oscilação dos preços do petróleo impacta as famílias, as empresas e a coleta de impostos, assim como pode provocar distúrbios sociais.
Muito boa materia … so nao entendo com o lucro alto da Petrobras esse trimestre ela nao subiu, e ainda caiu 6% … cade a ligica disso ??!
que mundo vc vive??? Qual interferenica???
O mercado precifica uma possível intervenção, o presidente está desesperado para se reeleger, do outro lado o descontentamento da população com a alta da inflação puxada pelos combustíveis. O mercado está. esperando uma ação populista, tudo indica q ele vai interferir de alguma forma nos preços é questão de tempo.
A logica se chama mito.....
caminha para 100,94....
Matéria interessantíssima 👏👏👏👏
essa semana vai ser de muita analise!
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